#AQuedaDaGrandeBabilônia (6)
Sobre "Berlim", graphic novel de Jason Lutes, uma das obras-primas da nossa época.
[Leia aqui a quinta parte do ensaio]
*Por Vicente Renner
As páginas finais de Berlim
Entre trens e muros, se pode perceber que Lutes usa símbolos em sua hq, de uma forma que é coerente com a tradição artística, mas também com os nuances de sua própria obra. Resta uma última observação a se fazer sobre o assunto: como Lutes usa símbolos para construir uma narrativa.
Nas páginas finais de Berlin, Marthe tem uma última visão da cidade. Essa visão é profética: o que ela enxerga é o futuro da cidade. Lutes nos mostra isso em uma sequência de quatro splash-pages duplos.
Como corresponde a uma visão profética, a de Marthe deve ser interpretada pelos seus símbolos. Assim, na primeira página, Lutes nos mostra a cidade de Berlim destruída pelas chamas. Especificamente, o que ele nos é a Porta de Brandemburgo. Não é apenas um lugar marcante da cidade: é um símbolo da Alemanha imperial, da destruição da cidade durante a Segunda Guerra Mundial e de sua divisão na Guerra Fria [é o cenário do célebre discurso “Tear down this wall”, do Ronald Reagan].