#AQuedaDaGrandeBabilônia (7)
Sobre "Berlim", graphic novel de Jason Lutes, uma das obras-primas da nossa época.
[Leia aqui a sexta parte do ensaio]
*Por Vicente Renner
Uma cidade real, imaginada
Já tentei explicar como Berlim usa a história da República de Weimar, um lugar e um período histórico determinado, de forma girardiana, para denunciar um fenômeno histórico, a ascensão do totalitarismo e a supressão das individualidade.
Na terceira parte desta análise, por outro lado, tentei expor que Lutes conta essa história de uma forma simbólica, valendo-se de referências saídas da história da arte. Para exemplificar isso, tentei mostrar como Lutes, nas páginas finais da hq, nos apresenta uma sequência de imagens carregadas de significado que formam uma narrativa.
Essas páginas finais, por sua vez, também nos mostram outra característica de Berlim: a própria cidade é um elemento fundamental para entendê-la. Mais do que um espaço físico em um momento concreto, os diferentes cenários das últimas páginas da hq nos mostram a forma pela qual significados são agregados ao longo da história naquele espaço. Lutes não está desenhando a cidade como ela é; ele está desenhando a cidade como os seus moradores a experimentam: atribuindo-lhe significado.
Existe, nisso, uma lógica e um método. Lutes faz de Berlim uma cidade real, mas imaginada; e, dos quadrinhos, o instrumento para você enxergá-la assim.