#AQuedaDaGrandeBabilônia (8)
Sobre "Berlim", graphic novel de Jason Lutes, uma das obras-primas da nossa época.
[Leia aqui a sétima e penúltima parte do ensaio]
*Por Vicente Renner
O Homem Comum, Enfim
Uma narrativa girardiana sobre a falência da República de Weimar. Uma narrativa simbólica. Um mapa imaginário de uma cidade real, em quadrinhos. Mas o que Lutes faz de mais impressionante em Berlim não é nada disso. É mostrar tudo isso na vida de pessoas comuns.
Já no início da hq Lutes nos dá uma página que nos mostra o dilema do operador do semáforo da Potsdamer Platz com o seu almoço. Isso é uma constante na hq: como em Asas do Desejo, Lutes nos mostra periodicamente os pensamentos dos moradores comuns da cidade.
Essa é uma das formas pela qual Lutes nos convida a interpretar a história desde o ponto de vista subjetivo dos moradores de Berlim: nos mostrar constantemente a vida urbana pelo ponto de vista do homem comum.
Mas Lutes não faz isso apenas de forma anedótica: os temas de Berlim, a crise da República de Weimar, interpretada de forma girardiana, a desconfiança na solução violenta e a saída pela arte, estão articulados na vida de seus protagonistas.