#CazéNaFogueira
A imprensa deseja enviar Casimiro Miguel para um campo de trabalhos forçados
Casimiro Miguel - para os seguidores, Cazé - fez fama na internet em 2021, quando suas lives saíram da bolha dos gamers e da audiência dos youtubers, tornando-se um dos principais fenômenos da opinião pública nacional.
Em um momento de ampla polarização, Cazé conseguiu o feito de navegar sem ser acossado pelos piratas do cancelamento. Seu riso fácil e o estilo leve se tornaram um refúgio para quem queria apenas dar umas risadas de suas reações aos reality shows, aos jogos do Vasco da Gama (seu clube de coração) e aos conteúdos de outros YouTubers.
Cazé ascendeu num momento em que sucessos meteóricos desta década, como Flow e Luva de Pedreiro, deixaram de ser unanimidade. Logo, passou a ser citado por outras personalidades do entretenimento e, na Copa do Mundo de 2022, transmitiu os jogos – numa parceria com a FIFA.
Até o último fim de semana, Cazé parecia incancelável. Parecia. No último domingo, uma sequência de eventos provou que o sucesso da lenda de Ícaro não se deu por acaso.
As informações a seguir são do jornal O Dia:
O youtuber e influenciador digital Casimiro - fundador da Cazé TV - foi criticado ao transmitir o jogo da final de Santos X Palmeiras, no domingo (31), e exaltar Neymar, que estava no estádio Vila Belmiro. Uma internauta do X, antigo Twitter, fez uma postagem pedindo para ele parar, e lembrou que a família do jogador ajudou a financiar a redução da pena por estupro de Daniel Alves ao pagar 150 mil euros (cerca de R$ 900 mil).
Casimiro reagiu mal à crítica, de acordo com seus padrões. Talvez porque nunca tinha sido criticado assim antes. Talvez porque não estivesse preparado para o cancelamento. Talvez porque tenha entendido que não poderia ser culpado por associação. (O estagiário do NEIM jura que vai parar de escrever talvez para não parecer música do Oasis)
O fato é que, com o flanco desguarnecido, Casimiro se tornou alvo fácil de quem estava à procura de carne fresca para o abate.
Primeiro, foi Josias de Souza, que disse o seguinte:
Casimiro é um sujeito que conseguiu um feito notável. Ele transformou, graças à internet, um veículo periférico em um canhão de comunicação. Ele está concorrendo contra grandes empresas de comunicação nas transmissões de jogos de futebol. Ele precisa ter essa noção. Ele virou um comunicador de massa e precisa decidir a quem devota sua fidelidade.
Vamos ativar o tradutor de lero-lero do NEIM. O primeiro feito notável do comentário acima é que o jornalista não usou um “mas” para passar do elogio ao ataque. O estilo seco das frases, no entanto, mostra que Casimiro foi o alvo perfeito para essa metralhadora de palavras.
No trecho a seguir, Josias de Souza justifica sua crítica, se por ventura o streamer não tenha entendido qual é o jogo no qual se meteu:
Ele recebeu uma crítica absolutamente razoável. Muitos se irritaram com o Neymar quando ele pagou uma multa que resultou na redução da pena de Daniel Alves. O gesto dele resultou em críticas. Foi tão forte o movimento que Neymar e seu pai fugiram de Daniel Alves quando ele precisou pagar outra quantia para que ele obtivesse a liberdade provisória.
Vamos novamente ao tradutor de lero-lero: Josias considera razoável não apenas a crítica a Neymar, mas o questionamento ao streamer por ter elogiado Neymar. Em outras palavras, elogiar Neymar significa autorizar (Eu autorizo Xandão?) à conduta ética do atleta da Seleção Brasileira. Para jornalistas como Josias, isso é tão óbvio e, por isso, o streamer deveria estar preparado para tal retaliação. Ocorre que Cazé imaginava estar isento de justificativa desse nível porque sempre operou acima das questões polêmicas, ou, como explica a jornalista Milly Lacombe, a que entrou para a história porque, entre outros feitos, promulgou uma fatwa contra Vera Magalhães, apesar desta ter sido assediada moralmente e em público pelo ex-deputado bolsonarista Douglas Garcia (sororidade é isso aí, pessoal):
Casemiro, conhecido como Cazé, é comunicador e empresário do ramo. Ficou famoso pela forma honesta e bem humorada de reagir a acontecimentos mundanos. Casemiro se coloca na vida de forma a opinar corretamente sobre temas como machismo, misoginia, LGBTfobia, eleições, racismo, feminismo etc e tal. Não dá pista de ser um homem infantilizado apesar de navegar por oceanos de audiências bastante juvenis. Tem a virtude de compreender as injustiças do mundo e de usar sua potente voz na tentativa de diminuí-las.
É interessante observar como Milly Lacombe se coloca numa posição acima de figuras como Cazé. O tom paternalista é tão evidente quanto a postura dos millenials e da geração Z, que giram os olhos quando vão falar da escritora JK Rowling. No caso de Lacombe, isso é visível quando ela escreve no melhor estilo “Escolinha do Professor Raimundo”, em que Casimiro tinha tudo para tirar um dez, mas...
Durante a live de transmissão da final do Paulista, Casemiro, que raramente erra em público, reagiu de forma destemperada a opinião de uma pessoa da audiência que pediu para que ele parasse de endeusar Neymar, cuja imagem, volta e meia, aparecia na tela já que o jogador estava presente nas tribunas de honra do estádio.
O streamer errou porque “reagiu de forma destemperada a opinião [sic] de uma pessoa que pediu para que ele parasse de endeusar Neymar”. Os gatilhos para a pessoa de Milly eram a imagem do Neymar e, de bônus, o elogio do streamer. O erro de Casimiro foi reagir de forma destemperada (só imaginem se alguém dissesse que ela, Milly, escreve de forma destemperada. Se fosse o estagiário do NEIM, ele seria enviado ao campo de trabalhos forçados e teria de revisar os textos do portal Universa até o fim do mandato de Vladimir Putin).
De volta ao julgamento de Casimiro, Milly Lacombe encerra oferecendo uma pena alternativa, diferente da fatwa que promulgou contra Vera Magalhães. Não, cancelar está fora de moda. O lance agora é a conversão:
Querer que Casemiro rompa com Neymar ou o critique pesadamente em público não seria de grande ajuda. O que valeria mesmo é que o comunicador usasse de seu amor pelo amigo e de sua inteligência para a comunicação para trazer alguém tão popular como Neymar para o time de cá.
Na prática, o que a pensata acima significa - afinal, a escrita de Milly não é tão violenta quanto a de Josias - é que a jornalista gostaria muito que o comunicador reeducasse Neymar, trazendo “alguém tão popular para o time de cá”.
Milly Lacombe não quer cancelar. Prefere o afeto. Mas tem de ser nos termos dela. Do contrário, já sabem, certo? O parágrafo a seguir serve de alerta:
Somos responsáveis por nossas ações e opiniões, verdade, mas seria importante jamais esquecer que somos também produtos de uma sociedade apodrecida e adoentada. Uma sociedade que nos forma para sermos machistas, misóginos, racistas, LGBTfóbicos e capitalistas. Termino com o grande Eduardo Galeano: "Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos".
O estagiário do NEIM não consegue pensar em nada mais grave do que uma ameaça que termina com um trecho da obra de Eduardo Galeano, cuja obra sempre terá o efeito de um gás sarin.
Muito boa essa relação entre os dois comentários.
O sujeito precisa decidir se está do lado do bem, se "devota sua fidelidade" aos deuses do Olimpo e, de quebra, traz o Neymar para a luz... daí, ele receberá a carteirinha da bem-aventurança...
Milly Lacombe é mais falsa que nota de 3 reais. Quem não lembra da mentirada sobre Rogério Ceni?? Não me surpreende que ela escreva, eu acho esquisito quem lê.