Pois é, Bernardo estou na marca da terceira passagem de bastão - ou melhor, de navalha. Como se diz, apesar de não ter acompanhado o féretro fúnebre, já enterrei dois. É uma profissão de risco, pelo jeito.
Meu pai, barbeiro durante meio século, faleceu (aos 90 anos) em fevereiro deste ano. Não deixou herdeiros na arte de fazer uma barba e/ou cortar um cabelo. Preferiu que os três filhos cursassem uma universidade. Para ele, a melhor herança que poderia deixar. Encontrei em sua gaveta um caderno com anotações de nomes de cerca de trezentos clientes que atendeu ao longo da vida, além de dois importantes e antigos instrumentos de trabalho: uma navalha e uma tesoura.
Olá, Bernardo! Obrigada por mais esse texto, apesar de triste, muito saudável! 🙌
Essa fidelidade é algo que prezo muito e em muitos serviços, assim como na vida pessoal! Creio que até exagero! Me lembro que passei 3 anos usando uma condução e, como sempre, no primeiro dia, cheguei cedo ao compromisso e me mantive chegando antes da hora, por 3 anos, mantendo o "costume de chegar antes da hora" e a fidelidade ao motorista e cobrador do ônibus! Fiz até algumas "amizades de trajeto".
Sobre a fidelidade ao barbeiro, fico feliz de passar ao Otávio, o filho!
Será a herança e homenagem melhor de seu pai, receber seus clientes!
Ótimo final de semana a você, Bernardo, a seus amigos, Luis Felipe, Antonina e Tristram!
Sim, Carlos! É como se tivéssemos uma conexão com o cotidiano de Bernardo, é incrível o que ele consegue com sua extraordinária escrita!
E aos sábados, já abro o e-mail pensando sobre o que será o "causo" de Bernardo Telles, hoje?
Bernardo tem esse poder, Carlos, esse dom, de passar tudo como se fizéssemos parte da história dele! Eu viajo e me sinto presente ao lado dele e Antonina, Tristram, Maria Luiza (não gravei aínda o nome da vizinha, do bolo de laranja). Assim como parece que estou nos encontros do Quarteto Fantástico....🤣🤣🤣 Bernardo, Luis Felipe, Anselmo e Paulo!
É uma delícia, um privilégio, ter alguém assim, conosco, né Carlos?
Já tive chance de sublinhar e volto a repetir, eis o último homem civilizado do país (imagine um Gilmar Mendes da vida e outros com esse grau de apuro?; o Brasil seria outro)
E é verdade que não existe pecado maior do que trair o barbeiro. Um homem de verdade jamais comete essa falta (já um Gilmar Mendes da vida....; pois é; eis a diferença)
Que Deus guarde seu Alceu e preserve seus clientes fiéis
Fui, por mais de 40 anos cortar o cabelo com o Julio. Desde que ele trabalhava no Salão Ringo nos baixo do shopping Iguatemi. Nos anos 70, abriu seu salão na rua Iaiá no Itaim onde eu ia mensalmente, cortar meu cabelo seguindo uma tabela lunar que nunca funcionou. Fiquei calvo aos 50. Sempre telefonava, perguntava pelo Julio e com ele marcava minha hora. Até que um dia a filha atendeu. “Ele faleceu, me disse emocionada”.
O sábado sempre fica melhor depois de ler o Bernardo. É triste vermos partir pessoas q, direta ou indiretamente, ocupam espaços de nossas vidas, vai-se um, vai-se outro, de repente olhamos p/ os lados e vemos q quase todos os rostos familiares, incluindo animais amados, já se foram. Seguimos adiante, ajeitando-nos c/ nossas solidões, restando a esperança dúbia de um dia poder reencontrar os q nos antecederam.
Como sempre, um belo e comovente texto. O último barbeiro a quem fui fiel, seu Raimundo, tinha um salão ali na rua Tupi (São Paulo). Me atendeu a última vez com mais de 90 anos de idade. Durante e depois da pandemia o salão fechou (mais de 60 anos, segundo ele, no mesmo lugar!). Torço para que seja aposentadoria e não seu falecimento. Acho que nunca saberei. Vida longa aos que tem histórias para contar. Obrigado, Bernardo!
Quando morava no Brasil ia sempre cortar cabelo no salão do Jorge. Aqui nos EUA passei a cortar meu cabelo com máquina e por vezes vou a algum salão para diminuir as cagadas que faço.Mas la se vão 12 anos. Quando visito o Brasil, tb visito o salão do Jorge, para prestigia-lo.
Delícia de texto, como de costume. Eu também procuro ser fiel aos bons profissionais mas como viajo bastante, com relação ao barbeiro fico revezando entre 2 profissionais ao longo do ano. Basicamente um trisal, pois ambos sabem da coexistência, toleram mas não perdem vez ou outra a oportunidade de tecer pequenas comparações entre os respectivos trabalhos. Me sinto às vezes sádico quando penso nisso, pois me pego rindo sozinho lembrando ambos sobre iniciativas inovadoras deste ou daquele.
Caro Bernardo, parece que há um certo magnetismo entre barbeiro e cliente. A afinidade e cordialidade do profissional nos torna fieis. Não vamos ao barbeiro somente para um corte de cabelo. Para mim é um momento de descanso e troca de ideias com os 2 irmãos de Caruaru, cuja barbearia frequento há quase 30 anos. E nem precisava pois ganhei barbeador e kit completo das filhas durante a pandemia e pouco me resta de minha vasta cabeleira juvenil. Minhas condolências aos familiares e amigos do Sr Alceu Barbosa.
Boa noite. A mais de 1 ano optei pela barba, um pouco pela preguiça de barbear-me quase diariamente, exigência do ofício e outra, confesso, cedendo ao apelo do new look masculino. Iniciei meu trato semanal, 2 vezes, com um barbeiro da velha guarda, que dista 200m da minha casa. Comodidade. Depois vencido apelo do marketing passei a frequentar um salão mais moderno, com visual renovado, música ao vivo, televisor permanentemente ligado e muito conversa ao sabor masculino: mulheres e futebol. Do primeiro falo discretamente, pois a condição de casado impede-me de arroubos vocabulares nesse sentido, já o segundo, não discuto, não gosto de futebol. Mas o extenso introito tinha por mote dizer que a tradição já não é mais valorizada, que as novas gerações não se fidelizam, buscam a satisfação rápida, da hora. Gosto de tradições, pois elas me dizem quem sou e de onde venho.
Pois é, Bernardo estou na marca da terceira passagem de bastão - ou melhor, de navalha. Como se diz, apesar de não ter acompanhado o féretro fúnebre, já enterrei dois. É uma profissão de risco, pelo jeito.
Mais um delicioso texto, como homenagem ao Alceu.
Escorreu uma lágrima de saudade aqui.
Meu pai, barbeiro durante meio século, faleceu (aos 90 anos) em fevereiro deste ano. Não deixou herdeiros na arte de fazer uma barba e/ou cortar um cabelo. Preferiu que os três filhos cursassem uma universidade. Para ele, a melhor herança que poderia deixar. Encontrei em sua gaveta um caderno com anotações de nomes de cerca de trezentos clientes que atendeu ao longo da vida, além de dois importantes e antigos instrumentos de trabalho: uma navalha e uma tesoura.
Olá, Bernardo! Obrigada por mais esse texto, apesar de triste, muito saudável! 🙌
Essa fidelidade é algo que prezo muito e em muitos serviços, assim como na vida pessoal! Creio que até exagero! Me lembro que passei 3 anos usando uma condução e, como sempre, no primeiro dia, cheguei cedo ao compromisso e me mantive chegando antes da hora, por 3 anos, mantendo o "costume de chegar antes da hora" e a fidelidade ao motorista e cobrador do ônibus! Fiz até algumas "amizades de trajeto".
Sobre a fidelidade ao barbeiro, fico feliz de passar ao Otávio, o filho!
Será a herança e homenagem melhor de seu pai, receber seus clientes!
Ótimo final de semana a você, Bernardo, a seus amigos, Luis Felipe, Antonina e Tristram!
Já aprendeu a fazer o bolo de laranja?
🙌
Angélica, Volney, não parece que a gente faz parte da história?
Que nos conhecemos o barbeiro? É impressionante como os textos do Bernardo nos colocam dentro da história ou estória não sei o termo certo!
A você Bernardo e a família meus sentimentos!
Sim, Carlos! É como se tivéssemos uma conexão com o cotidiano de Bernardo, é incrível o que ele consegue com sua extraordinária escrita!
E aos sábados, já abro o e-mail pensando sobre o que será o "causo" de Bernardo Telles, hoje?
Bernardo tem esse poder, Carlos, esse dom, de passar tudo como se fizéssemos parte da história dele! Eu viajo e me sinto presente ao lado dele e Antonina, Tristram, Maria Luiza (não gravei aínda o nome da vizinha, do bolo de laranja). Assim como parece que estou nos encontros do Quarteto Fantástico....🤣🤣🤣 Bernardo, Luis Felipe, Anselmo e Paulo!
É uma delícia, um privilégio, ter alguém assim, conosco, né Carlos?
🙌❤️🙌
É uma brisa no meio de tanta coisa ruim que acontece.
Um privilégio imenso Angélica.
🙌
Já tive chance de sublinhar e volto a repetir, eis o último homem civilizado do país (imagine um Gilmar Mendes da vida e outros com esse grau de apuro?; o Brasil seria outro)
E é verdade que não existe pecado maior do que trair o barbeiro. Um homem de verdade jamais comete essa falta (já um Gilmar Mendes da vida....; pois é; eis a diferença)
Que Deus guarde seu Alceu e preserve seus clientes fiéis
Mencionei apuro acima, a distinção que caracteriza o colunista e falta a ministros do STF, como um Gilmar Mendes. Mas não só a ele: 👇
https://substack.com/profile/190187571-carlos-matta/note/c-54466864?r=358do3
É só colocar um Bernardo Telles no STF que o Brasil está salvo
Um homem que não se emociona com esse texto, boa pessoa não é. Ótima semana Bernardo e depois nos conte como Otávio te tratou.
Fui, por mais de 40 anos cortar o cabelo com o Julio. Desde que ele trabalhava no Salão Ringo nos baixo do shopping Iguatemi. Nos anos 70, abriu seu salão na rua Iaiá no Itaim onde eu ia mensalmente, cortar meu cabelo seguindo uma tabela lunar que nunca funcionou. Fiquei calvo aos 50. Sempre telefonava, perguntava pelo Julio e com ele marcava minha hora. Até que um dia a filha atendeu. “Ele faleceu, me disse emocionada”.
Nunca mais fui na rua Iaiá.
Fiquei pensando na infidelidade. É tenso, o resultado é ruim e depois fica uma culpa imensa.
O sábado sempre fica melhor depois de ler o Bernardo. É triste vermos partir pessoas q, direta ou indiretamente, ocupam espaços de nossas vidas, vai-se um, vai-se outro, de repente olhamos p/ os lados e vemos q quase todos os rostos familiares, incluindo animais amados, já se foram. Seguimos adiante, ajeitando-nos c/ nossas solidões, restando a esperança dúbia de um dia poder reencontrar os q nos antecederam.
É o que sinto com tantas perdas! 🙌
Sim, a esperança é o que nos resta
Como sempre, um belo e comovente texto. O último barbeiro a quem fui fiel, seu Raimundo, tinha um salão ali na rua Tupi (São Paulo). Me atendeu a última vez com mais de 90 anos de idade. Durante e depois da pandemia o salão fechou (mais de 60 anos, segundo ele, no mesmo lugar!). Torço para que seja aposentadoria e não seu falecimento. Acho que nunca saberei. Vida longa aos que tem histórias para contar. Obrigado, Bernardo!
Como é incrível a arte de escrever (muito) bem. Poucas linhas bastaram para encher meus olhos d’água e minha alma de uma inexplicável ternura.
Quando morava no Brasil ia sempre cortar cabelo no salão do Jorge. Aqui nos EUA passei a cortar meu cabelo com máquina e por vezes vou a algum salão para diminuir as cagadas que faço.Mas la se vão 12 anos. Quando visito o Brasil, tb visito o salão do Jorge, para prestigia-lo.
Delícia de texto, como de costume. Eu também procuro ser fiel aos bons profissionais mas como viajo bastante, com relação ao barbeiro fico revezando entre 2 profissionais ao longo do ano. Basicamente um trisal, pois ambos sabem da coexistência, toleram mas não perdem vez ou outra a oportunidade de tecer pequenas comparações entre os respectivos trabalhos. Me sinto às vezes sádico quando penso nisso, pois me pego rindo sozinho lembrando ambos sobre iniciativas inovadoras deste ou daquele.
Conheço esse tipo de fidelidade, corto meu cabelo com o mesmo cabeleireiro há mais de 25 anos.
No que acho que fez muito bem. Eu , também, sou fiel. Que o sr. Alceu descanse em paz.
Caro Bernardo, parece que há um certo magnetismo entre barbeiro e cliente. A afinidade e cordialidade do profissional nos torna fieis. Não vamos ao barbeiro somente para um corte de cabelo. Para mim é um momento de descanso e troca de ideias com os 2 irmãos de Caruaru, cuja barbearia frequento há quase 30 anos. E nem precisava pois ganhei barbeador e kit completo das filhas durante a pandemia e pouco me resta de minha vasta cabeleira juvenil. Minhas condolências aos familiares e amigos do Sr Alceu Barbosa.
Boa noite. A mais de 1 ano optei pela barba, um pouco pela preguiça de barbear-me quase diariamente, exigência do ofício e outra, confesso, cedendo ao apelo do new look masculino. Iniciei meu trato semanal, 2 vezes, com um barbeiro da velha guarda, que dista 200m da minha casa. Comodidade. Depois vencido apelo do marketing passei a frequentar um salão mais moderno, com visual renovado, música ao vivo, televisor permanentemente ligado e muito conversa ao sabor masculino: mulheres e futebol. Do primeiro falo discretamente, pois a condição de casado impede-me de arroubos vocabulares nesse sentido, já o segundo, não discuto, não gosto de futebol. Mas o extenso introito tinha por mote dizer que a tradição já não é mais valorizada, que as novas gerações não se fidelizam, buscam a satisfação rápida, da hora. Gosto de tradições, pois elas me dizem quem sou e de onde venho.