O mundo está uma merda! Ah, a culpa deve ser dos oprimidos.
O ex-deputado e protoinfluencer progressista, Jean Willys, fez um comentário em seu xwitter que é no mínimo curioso.
O sr. Willys, ao entrar em um taxi, notou que na rádio estava sendo transmitido um programa evangelístico que, o querido ex-deputado e exímio teólogo, definiu como programa proselitista neopentecostal. Rapidamente ele solicitou que o motorista desligasse a rádio.
Mas o pobre taxista fez algo terrível.... questionou por que deveria desligar seu rádio. Que erro, sr. taxista, que erro... Nos dias atuais, fazer perguntas é algo extremamente perigoso, principalmente quando o questionado deseja ardentemente um palco para dar sua calorosa resposta.
A justificativa do sr. Willys foi a de que aquilo, mais do que um programa proselitista, era um ato de violência contra ateus e adeptos de outras religiões. Provavelmente com os nervos à flor da pele, a bochecha corada e o dedo indicador em riste, disse ainda que “não somos obrigados a ouvir pregações e exorcismos em rádios de sua religião enquanto estamos pagando pelo seu serviço”.
Curiosíssimo como um simples discurso num textão pras redes socias pode deixar transparecer uma lógica tão – observem atentamente a ironia – liberalóide (!) O sr. Willys parece não ver problema em fazer com que um mero trabalhador o sirva com todas as pompas enquanto contrata seus serviços e, ao mesmo tempo, se dizer um socialista convicto que luta contra o sistema. Parece que o sincretismo político o atingiu em cheio. Pena que esse sincretismo político exclui justamente o povo oprimido que, como ele gosta de dizer, tornou-se a madeira que balança o martelo.
Cá está outro ponto digno de atenção:
Vocês perceberam a terrível lógica segregacionista na fala no nosso teólogo sincrético? Sempre há uma ênfase discursiva em nós – as pessoas civilizadas – e vocês – os fundamentalistas neopentecostais que violentam a liberdade de todos ao seu redor. Realmente, o que precisamos temer são os adeptos sanguinários da terrível seita violenta chamada neopentecostalismo. Sim, leitor, estou falando da igrejinha de esquina que o porteiro do seu prédio frequenta, juntamente da faxineira do sr. Willys, do motorista do ônibus e, provavelmente, do motorista do taxi que, por alguns minutos, tornou-se servo do ex-deputado que o pagava pelos serviços de.... de DJ, aparentemente. Tema esses radicais. TEMA! Enquanto isso, nosso querido amigo Willys grita, com todo o ar de seus pulmões, em favor do inocente grupo religioso chamado Hamas. O perigo real está escondido nos taxis e periferias do Brasil, não num grupo terrorista.
Embora esse texto possa ter dado a impressão de que tenho algo contra o sr. Willys, saiba que essa não é a verdade. Nunca tive o prazer de dividir um taxi com o nobre cavalheirx para emitir algum juízo de valor a respeito. Meu problema, caríssimo leitor, está nessa visão em paralaxe! Não consigo nem chamar de hipocrisia, pois me parece apenas ignorância. Acredito que os anos de autoexílio na Europa fizeram mal ao ex-BBB. Se antes ele enxergava o Brasil muito de longe, agora o enxergar perto demais. Perto suficiente para ignorá-lo por completo.
A distância nos ajuda a observar o mundo com maior clareza. Contudo, é importante não ficar longe demais, correndo o risco de tentar exportar teorias falidas, nem perto demais, ao ponto de não saber distinguir um escravo, um taxista e um dj.
Na Espanha, recentemente, um motorista de táxi (espanhol) me perguntou se eu estava animado com a volta do Lula. Diante da minha negativa, fui torturado com uma aula sobre as virtudes do elemento e admoestado a escolher melhor minhas fontes de informação. Chegando no destino, o condutor gritava tanto que o porteiro veio preocupado em meu auxílio. Quanta coisa pode acontecer numa corrida de táxi.
Parabéns Maurício!
Eu também não conheço esse boçal e não tenho a menor vontade de conhecê-lo
Só faltou ele cuspir no Sr.
Eles são craques em cusparada
Quem não se lembra do ator da Globo José de Abreu?