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#EmDefesaDaAventura (2)

"Há algo de imperecível na fase heroica da existência humana"

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ago 19, 2024
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[Leia a primeira parte do ensaio]

Por Rodrigo Duarte Garcia

Na história da literatura, os gêneros literários foram se desenvolvendo e ganhando novas formas, mas de maneira sempre a manter aquelas raízes do enredo extraordinário e suas implicações morais de valores permanentes. Nesse sentido, já o próprio espírito ético das tragédias tem origem na poesia épica e heroica. A partir de então até a modernidade, das sagas medievais aos romances de cavalaria, das obras de Shakespeare – grandes tragédias de aventura – ao romantismo, sucederam-se formatos artísticos diversos que, com algumas poucas exceções, mantiveram-se realmente fiéis àqueles atributos das epopéias.

E se, de fato, foi o realismo ordinário do romance moderno que rompeu com essa tradição antiga, ao aburguesar o enredo e trazê-lo para a vida das cidades, talvez o último grande autor a não descartar a aventura da trama – e ser ainda reconhecido como representante da literatura séria & respeitável – tenha sido Joseph Conrad (1857-1924), o polonês que viveu como inglês e, em relatos do mar, levou à perfeição a totalidade artística de enredo, linguagem, personagens e problemas morais. Fazendo do oceano insondável e seus navios um palco para grandes aventuras e toda a tragédia da condição humana, Conrad mergulhou nos abismos da alma com histórias de capitães e suas embarcações rangendo aos ventos do Pacífico ou fundeadas em remotos portos malaios, lugares onde ainda fazem sentido os valores homéricos da glória, da honra e da lealdade.

Em Lorde Jim, por exemplo, Conrad conta a descida ao inferno de Jim, depois de abandonar o Patna no impulso de salvar-se de um naufrágio que acabaria nem mesmo acontecendo. Imediato do navio, ele deixa os passageiros – muçulmanos peregrinos – à deriva da própria sorte, e passará a vida perseguindo a redenção. Nessa história contada em grande prosa, os deveres de homens no comando e a expiação da covardia passam por lugares exóticos, batalhas entre nativos e atos de sacrifício e heroísmo, de maneira que o resultado artístico da obra se deve em grande parte também ao ambiente de aventura ali criado por Conrad.

Lord Jim
Peter O´Toole como Lord Jim, no filme homônimo de Richard Brooks (1962).

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