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Substitua o violinista ou o homem semente por um pet, um lindo filhote de um mico leão dourado, uma ararinha azul ou mesmo um pequeno e simpático cachorrinho, que as respostas, principalmente as da turma woke, serão completamente diferentes. Esses, em qualquer hipótese, sempre terão direito à vida.

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Avatar de Victor Brongel

Acho que o argumento deles é totalmente inválido. Pela seguinte falácia: eles presumem a metafísica fisicalista-mecanicista: tudo o que existem são coisas físicas regidas por leis mecânicas; logo, é uma petição de princípio. Disso, então, assumem uma moral das escolhas: o que é mais soberano é a escolha pessoal, uma vez que não há conexão inextricável entre eventos.

Já li o artigo da Thomson; e achei que o artigo dela só se sustenta com uma visão mecanicista - mas também, como este excelente artigo demonstra (e eu também já achava isso), a distinção conceitual feita por Kaczor, apenas na dimensão moral, também o refuta. Até porque ela e os abortistas, como já dito, pressupõe que há apenas causas eficientes e materiais (que era, na modernidade, uma heurística para investigar a natureza, logo houve uma metástase ontológica e, com efeito, virou uma metafísica deveras asinina). No entanto, há causas formas e finais - estas as mais importantes - que são causas de "alto" nível que se impõe sobre as causas de "baixo" nível. A primeira coisa a se perguntar é o que é o ser humano: a causa formal do feto é uma alma humana e, logo, possui dignidade; a causa final é o seu pleno desenvolvimento como pessoa. Assim, matar o feto é assassinato. Ademais, como Don Marquis argumenta, o aborto também é imoral porque vai impedir a pessoa no estágio fetal a ter todas as experiências que uma pessoa tem e teve. Uma pessoa só é pessoa porque tem uma natureza estável - a alma humana - que lhe dá dignidade. Porque se se sustentar, por exemplo, que alguém tem direito a viver por causa de faculdades atuais ou algum argumento utilitarista - o que seria uma antropologia das propriedades, ao contrário de uma antroplogia essencialista -, o corolário é cair em arbitrariedades: porque alguém para ter direito de viver precisa ter a faculdade x, e não as faculdades x e y?

Sobre a questão da causalidade biológica, acho que esse argumento, sim, faz sentido. Pois a causalidade biológica é a causa eficiente das causas de "alto" nível: causa formal e final. A atividade sexual tem uma causa formal - homem e mulher, toda biologia, etc - e a causa final - a criação potencial de uma vida, entre outras. Dado a potência causa final da atividade sexual, a moral edificada deveria ser fundamentada nesta ontologia. Por exemplo, até os abortistas - hipocritamente, claro, como sempre - assumem que é errado matar um inocente porque este tem direitos. Tal direitos são oriundos de sua causa formal - ser humano, que instancia a dignidade -, que é uma organização ôntica para uma causa final: a causa final é o respeito à pessoa, entre outros direitos, e deveres. Sendo assim, os abortistas fisicalistas que endossam a filosofia mecânica intencionam valores transcendentais ou absolutos - que vão além da natureza e, logo, refutam seu naturalismo - que possuem causa formal e causa final - por exemplo, a caridade seria uma causa formal para fazer o bem aos pobres, que seria a causa final. Veja que os abortistas acreditam (se não prima facie, mas) tacitamente em causas formais e finais, já que, de fato, é impossível, dado sua filosofia materialista-mecanicista, haver qualquer moral. E mais. Toda a sua preocupação com a mulher (que, de fato, não é preocupação coisa alguma, mas é um voluntarismo ctônico velado que tem o intento de continuar sua adoração orgiástica ao self) só se sustenta por uma metafísica (tácita) essencialista (ou supernaturalista): a mulher é um ser humano (causa formal); dado sua dignidade, é necessário uma ato para o seu "bem" (causa final).

Pace e Bene

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