Substitua o violinista ou o homem semente por um pet, um lindo filhote de um mico leão dourado, uma ararinha azul ou mesmo um pequeno e simpático cachorrinho, que as respostas, principalmente as da turma woke, serão completamente diferentes. Esses, em qualquer hipótese, sempre terão direito à vida.
Acho que o argumento deles é totalmente inválido. Pela seguinte falácia: eles presumem a metafísica fisicalista-mecanicista: tudo o que existem são coisas físicas regidas por leis mecânicas; logo, é uma petição de princípio. Disso, então, assumem uma moral das escolhas: o que é mais soberano é a escolha pessoal, uma vez que não há conexão inextricável entre eventos.
Já li o artigo da Thomson; e achei que o artigo dela só se sustenta com uma visão mecanicista - mas também, como este excelente artigo demonstra (e eu também já achava isso), a distinção conceitual feita por Kaczor, apenas na dimensão moral, também o refuta. Até porque ela e os abortistas, como já dito, pressupõe que há apenas causas eficientes e materiais (que era, na modernidade, uma heurística para investigar a natureza, logo houve uma metástase ontológica e, com efeito, virou uma metafísica deveras asinina). No entanto, há causas formas e finais - estas as mais importantes - que são causas de "alto" nível que se impõe sobre as causas de "baixo" nível. A primeira coisa a se perguntar é o que é o ser humano: a causa formal do feto é uma alma humana e, logo, possui dignidade; a causa final é o seu pleno desenvolvimento como pessoa. Assim, matar o feto é assassinato. Ademais, como Don Marquis argumenta, o aborto também é imoral porque vai impedir a pessoa no estágio fetal a ter todas as experiências que uma pessoa tem e teve. Uma pessoa só é pessoa porque tem uma natureza estável - a alma humana - que lhe dá dignidade. Porque se se sustentar, por exemplo, que alguém tem direito a viver por causa de faculdades atuais ou algum argumento utilitarista - o que seria uma antropologia das propriedades, ao contrário de uma antroplogia essencialista -, o corolário é cair em arbitrariedades: porque alguém para ter direito de viver precisa ter a faculdade x, e não as faculdades x e y?
Sobre a questão da causalidade biológica, acho que esse argumento, sim, faz sentido. Pois a causalidade biológica é a causa eficiente das causas de "alto" nível: causa formal e final. A atividade sexual tem uma causa formal - homem e mulher, toda biologia, etc - e a causa final - a criação potencial de uma vida, entre outras. Dado a potência causa final da atividade sexual, a moral edificada deveria ser fundamentada nesta ontologia. Por exemplo, até os abortistas - hipocritamente, claro, como sempre - assumem que é errado matar um inocente porque este tem direitos. Tal direitos são oriundos de sua causa formal - ser humano, que instancia a dignidade -, que é uma organização ôntica para uma causa final: a causa final é o respeito à pessoa, entre outros direitos, e deveres. Sendo assim, os abortistas fisicalistas que endossam a filosofia mecânica intencionam valores transcendentais ou absolutos - que vão além da natureza e, logo, refutam seu naturalismo - que possuem causa formal e causa final - por exemplo, a caridade seria uma causa formal para fazer o bem aos pobres, que seria a causa final. Veja que os abortistas acreditam (se não prima facie, mas) tacitamente em causas formais e finais, já que, de fato, é impossível, dado sua filosofia materialista-mecanicista, haver qualquer moral. E mais. Toda a sua preocupação com a mulher (que, de fato, não é preocupação coisa alguma, mas é um voluntarismo ctônico velado que tem o intento de continuar sua adoração orgiástica ao self) só se sustenta por uma metafísica (tácita) essencialista (ou supernaturalista): a mulher é um ser humano (causa formal); dado sua dignidade, é necessário uma ato para o seu "bem" (causa final).
Sim, Victor. Nem quis abordar essas questões mais filosóficas. Meu ponto era mostrar que eles tratam o argumento da Thomson e seus críticos de maneiras rídicula.
Eles deveriam ter convidado o Razzo para oferecer um contraponto ao artigo, já que é um autor brasileiro de livro a respeito. Honestidade intelectual envolve buscar os melhores argumentos a favor da idéia adversária para rebater.
É interessante quando os defensores do direito ao aborto saem do campo emocional e se aventuram pelo campo filosófico, onde não têm a mínima chance. Por isso que esse tipo de artigo é tão raro, e é também por isso que os defensores da vida intrauterina migraram também para o campo emocional, onde o debate real se dá.
Não desejo um debate “razzo”, ainda mais com o xará Razzo, mas há uma hipótese improvável da filha dele ser estuprada e cabe a ele decidir sim ou não. É muito simples! Yes or No. Ah, detalhe: a hipotética filha tem 12 anos.
Se eu disser que minha filha foi estuprada e aceitei meu neto, destruo teu argumento com um simples gesto. Sabe por quê? Porque não se trata de um argumento, mas de um apelo à piedade. Esse truque qualquer manual de falácia explica. E "Razzo" significa "foguete", Cazzo!
Imagina ser avô de um filho do Champinha que estuprou sua filha. Ou do motoboy do parque. Deve ser osso hein? Imagina eles querendo visitar os filhos… Forçar meninas estupradas a terem esses filhos indesejados não me parece correto, nem moralmente aceitável. Mulheres maiores de idade que conscientemente optarem por manter a gravidez de filhos oriundos de estupro, isso sim me parece mais lógico.
Não amigo, não é problema meu, tampouco seu. É prioritariamente um problema da mulher estuprada. Essa decisão é da mulher, e só dela. Estão querendo mudar a lei, e espero que não consigam.
Paulo, suponha que nesse exemplo hipotético, o avô e a neta decidam, por gesto de piedade, prosseguir com a gravidez. Suponha que ela dê a luz e, após alguns dias, volta do hospital. Agora suponha que tanto a neta quanto a filha passem a sentir nojo da criança pois, passam a enxergá-la como "filho do estuprador". Você defenderia o direito deles matarem a criança?
Então, aí já não é aborto né? Estamos falando de interrupção de gravidez, e é melhor pararmos por aí. Uma criança filha de estupro pode ser amada como qualquer outra, desde que aceita pela mãe. Rejeitar filhos depois de nascer ocorre inclusive no mundo “normal”. Deve ser direito da mulher abortar por qualquer motivo, mas no caso de estupro é imperativo.
Francisco Razzo, sou totalmente contra ao aborto em qualquer situação e momento de gestação, li comentários até falando de " Campinha " , então não vou me prolongar, só deixar aqui minha posição!
Sou homem, não cabe a mim e sim a mulher saber o que quer para ela ou para uma nova vida. Não dá para só colocar o aborto como assassinato (tudo traz consequências), da mesma forma a mulher tem o direto a vida dela, ela que decide se quer abortar ou não. Aborto é uma atitude forte do ponto de vista do peso que isso pode causar, psicologicamente, fisicamente e espiritualmente para grávida. Cada cabeça tem sua sentença! Se existem pessoas adultas que não consegue nem medir seus atos, são incapazes de refletir sobre o que é moral, ético dentro das circunstâncias/momento em que vivem. Não vai ser uma lei contra que deva impedir isso! Isso não pode ser encarado como política ou lei. Gosto de pensar a mesma coisa frente às drogas. Fuma maconha quem quer, tudo tem causa e consequência. Em vez de políticos se preocupar com minorias, deveriam se preocupar com o bem estar do cidadão! Politicos devem apenas trazer o dinheiro dos impostos ao cidadão de volta em beneficio para a sociedade geral! Cuidar principalmente de segurança e máximar o retorno para saúde e educação o que é muito diferente de escolas publicas e saúde pública (entenda-se: de graça!).
Mas acho que tudo seria mais simples quanto a questão se a Folha, a turma favorável ao aborto, a turma contra, os que não têm opinião formada, os desavisados, os que estão na vida a passeio, os que estão mergulhados em perplexidade diante dela etc, chamassem Jordan Peterson para liquidar o assunto. Afinal, não há tema complexo para o qual o dono daqueles paletós supimpas (o paletó é o homem) não tenha uma solução fácil
Importante debate; sempre haverá discussão, cabíveis ou não; a complexidade moral, ética, biológica, religiosa(?) monta uma equação de resolução que não terá solução unanimemente aceita. Usando as metáforas citadas, imagine se a semente ou o invasor indesejado for um ser malformado, estrutural, cromossômica ou geneticamente; muda o resultado da equação?
Substitua o violinista ou o homem semente por um pet, um lindo filhote de um mico leão dourado, uma ararinha azul ou mesmo um pequeno e simpático cachorrinho, que as respostas, principalmente as da turma woke, serão completamente diferentes. Esses, em qualquer hipótese, sempre terão direito à vida.
Acho que o argumento deles é totalmente inválido. Pela seguinte falácia: eles presumem a metafísica fisicalista-mecanicista: tudo o que existem são coisas físicas regidas por leis mecânicas; logo, é uma petição de princípio. Disso, então, assumem uma moral das escolhas: o que é mais soberano é a escolha pessoal, uma vez que não há conexão inextricável entre eventos.
Já li o artigo da Thomson; e achei que o artigo dela só se sustenta com uma visão mecanicista - mas também, como este excelente artigo demonstra (e eu também já achava isso), a distinção conceitual feita por Kaczor, apenas na dimensão moral, também o refuta. Até porque ela e os abortistas, como já dito, pressupõe que há apenas causas eficientes e materiais (que era, na modernidade, uma heurística para investigar a natureza, logo houve uma metástase ontológica e, com efeito, virou uma metafísica deveras asinina). No entanto, há causas formas e finais - estas as mais importantes - que são causas de "alto" nível que se impõe sobre as causas de "baixo" nível. A primeira coisa a se perguntar é o que é o ser humano: a causa formal do feto é uma alma humana e, logo, possui dignidade; a causa final é o seu pleno desenvolvimento como pessoa. Assim, matar o feto é assassinato. Ademais, como Don Marquis argumenta, o aborto também é imoral porque vai impedir a pessoa no estágio fetal a ter todas as experiências que uma pessoa tem e teve. Uma pessoa só é pessoa porque tem uma natureza estável - a alma humana - que lhe dá dignidade. Porque se se sustentar, por exemplo, que alguém tem direito a viver por causa de faculdades atuais ou algum argumento utilitarista - o que seria uma antropologia das propriedades, ao contrário de uma antroplogia essencialista -, o corolário é cair em arbitrariedades: porque alguém para ter direito de viver precisa ter a faculdade x, e não as faculdades x e y?
Sobre a questão da causalidade biológica, acho que esse argumento, sim, faz sentido. Pois a causalidade biológica é a causa eficiente das causas de "alto" nível: causa formal e final. A atividade sexual tem uma causa formal - homem e mulher, toda biologia, etc - e a causa final - a criação potencial de uma vida, entre outras. Dado a potência causa final da atividade sexual, a moral edificada deveria ser fundamentada nesta ontologia. Por exemplo, até os abortistas - hipocritamente, claro, como sempre - assumem que é errado matar um inocente porque este tem direitos. Tal direitos são oriundos de sua causa formal - ser humano, que instancia a dignidade -, que é uma organização ôntica para uma causa final: a causa final é o respeito à pessoa, entre outros direitos, e deveres. Sendo assim, os abortistas fisicalistas que endossam a filosofia mecânica intencionam valores transcendentais ou absolutos - que vão além da natureza e, logo, refutam seu naturalismo - que possuem causa formal e causa final - por exemplo, a caridade seria uma causa formal para fazer o bem aos pobres, que seria a causa final. Veja que os abortistas acreditam (se não prima facie, mas) tacitamente em causas formais e finais, já que, de fato, é impossível, dado sua filosofia materialista-mecanicista, haver qualquer moral. E mais. Toda a sua preocupação com a mulher (que, de fato, não é preocupação coisa alguma, mas é um voluntarismo ctônico velado que tem o intento de continuar sua adoração orgiástica ao self) só se sustenta por uma metafísica (tácita) essencialista (ou supernaturalista): a mulher é um ser humano (causa formal); dado sua dignidade, é necessário uma ato para o seu "bem" (causa final).
Pace e Bene
Sim, Victor. Nem quis abordar essas questões mais filosóficas. Meu ponto era mostrar que eles tratam o argumento da Thomson e seus críticos de maneiras rídicula.
Eles deveriam ter convidado o Razzo para oferecer um contraponto ao artigo, já que é um autor brasileiro de livro a respeito. Honestidade intelectual envolve buscar os melhores argumentos a favor da idéia adversária para rebater.
É interessante quando os defensores do direito ao aborto saem do campo emocional e se aventuram pelo campo filosófico, onde não têm a mínima chance. Por isso que esse tipo de artigo é tão raro, e é também por isso que os defensores da vida intrauterina migraram também para o campo emocional, onde o debate real se dá.
Não desejo um debate “razzo”, ainda mais com o xará Razzo, mas há uma hipótese improvável da filha dele ser estuprada e cabe a ele decidir sim ou não. É muito simples! Yes or No. Ah, detalhe: a hipotética filha tem 12 anos.
Se eu disser que minha filha foi estuprada e aceitei meu neto, destruo teu argumento com um simples gesto. Sabe por quê? Porque não se trata de um argumento, mas de um apelo à piedade. Esse truque qualquer manual de falácia explica. E "Razzo" significa "foguete", Cazzo!
Imagina ser avô de um filho do Champinha que estuprou sua filha. Ou do motoboy do parque. Deve ser osso hein? Imagina eles querendo visitar os filhos… Forçar meninas estupradas a terem esses filhos indesejados não me parece correto, nem moralmente aceitável. Mulheres maiores de idade que conscientemente optarem por manter a gravidez de filhos oriundos de estupro, isso sim me parece mais lógico.
Isso aí um problema teu, não meu. Além disso, já disse, isso não é argumento sério, está abaixo da crítica.
Não amigo, não é problema meu, tampouco seu. É prioritariamente um problema da mulher estuprada. Essa decisão é da mulher, e só dela. Estão querendo mudar a lei, e espero que não consigam.
Paulo, suponha que nesse exemplo hipotético, o avô e a neta decidam, por gesto de piedade, prosseguir com a gravidez. Suponha que ela dê a luz e, após alguns dias, volta do hospital. Agora suponha que tanto a neta quanto a filha passem a sentir nojo da criança pois, passam a enxergá-la como "filho do estuprador". Você defenderia o direito deles matarem a criança?
Então, aí já não é aborto né? Estamos falando de interrupção de gravidez, e é melhor pararmos por aí. Uma criança filha de estupro pode ser amada como qualquer outra, desde que aceita pela mãe. Rejeitar filhos depois de nascer ocorre inclusive no mundo “normal”. Deve ser direito da mulher abortar por qualquer motivo, mas no caso de estupro é imperativo.
A minha pergunta realmente não é sobre aborto, e acho que ela foi bem clara sobre isso. Você se importaria em responder a minha pergunta?
Excelente texto!
Francisco Razzo, sou totalmente contra ao aborto em qualquer situação e momento de gestação, li comentários até falando de " Campinha " , então não vou me prolongar, só deixar aqui minha posição!
Sou homem, não cabe a mim e sim a mulher saber o que quer para ela ou para uma nova vida. Não dá para só colocar o aborto como assassinato (tudo traz consequências), da mesma forma a mulher tem o direto a vida dela, ela que decide se quer abortar ou não. Aborto é uma atitude forte do ponto de vista do peso que isso pode causar, psicologicamente, fisicamente e espiritualmente para grávida. Cada cabeça tem sua sentença! Se existem pessoas adultas que não consegue nem medir seus atos, são incapazes de refletir sobre o que é moral, ético dentro das circunstâncias/momento em que vivem. Não vai ser uma lei contra que deva impedir isso! Isso não pode ser encarado como política ou lei. Gosto de pensar a mesma coisa frente às drogas. Fuma maconha quem quer, tudo tem causa e consequência. Em vez de políticos se preocupar com minorias, deveriam se preocupar com o bem estar do cidadão! Politicos devem apenas trazer o dinheiro dos impostos ao cidadão de volta em beneficio para a sociedade geral! Cuidar principalmente de segurança e máximar o retorno para saúde e educação o que é muito diferente de escolas publicas e saúde pública (entenda-se: de graça!).
Excelente texto.
🚫🚫🚫🚫🚫
Mas acho que tudo seria mais simples quanto a questão se a Folha, a turma favorável ao aborto, a turma contra, os que não têm opinião formada, os desavisados, os que estão na vida a passeio, os que estão mergulhados em perplexidade diante dela etc, chamassem Jordan Peterson para liquidar o assunto. Afinal, não há tema complexo para o qual o dono daqueles paletós supimpas (o paletó é o homem) não tenha uma solução fácil
#ficaadica
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De resto : parabéns pelo texto
https://substack.com/profile/190187571-carlos-matta/note/c-59988625?r=358do3
Excelente artigo Razzo
Grata por compartilhar!
Belo artigo, independentemente de posição pessoal com relação ao assunto.
Que bom ver o Razzo por aqui. Cada dia mais contente pelo Nao é Imprensa.
Importante debate; sempre haverá discussão, cabíveis ou não; a complexidade moral, ética, biológica, religiosa(?) monta uma equação de resolução que não terá solução unanimemente aceita. Usando as metáforas citadas, imagine se a semente ou o invasor indesejado for um ser malformado, estrutural, cromossômica ou geneticamente; muda o resultado da equação?