Um ex-presidente condenado por um juiz acusado de parcialidade, de atropelar ritos processuais e de usar matérias jornalísticas como provas. Um juiz acusado de coagir suspeitos a assinarem delações sob ameaça. Os seguidores do réu diziam que a condenação não era jurídica, mas política, com o objetivo de afastar seu líder carismático das urnas. Não, não se trata de Bolsonaro em 2025 diante de Moraes, mas de Lula em 2017 diante de Moro.
Se alguém tivesse se recolhido a uma caverna em 2017 e voltado só agora, teria a impressão de que nada mudou. O Brasil continua sendo o país do futuro do pretérito: o ratinho na rodinha, o jogo de Atari que recomeça quando chega ao fim.
Quando Dilma foi impichada, a oposição era golpista. Quando Lula foi condenado, o juiz era golpista. Bolsonaro foi acusado de golpista, e agora seu julgador, Moraes, também o é. Há pelo menos uma década, o vocabulário da política brasileira gira em torno do mesmo eixo: o golpe. O golpismo tornou-se o nosso fungo Cordyceps, que invade a mente e transforma o hospedeiro em zumbi.