[Leia a primeira parte do ensaio]
Por Leo Lama
Essência e substância, forma e matéria, ato e potência, termos que devem ser entendidos no sentido aristotélico, separados das confusões modernas, em analogia, na realidade são nomes diferentes de princípios semelhantes que compõem tudo e todos os seres. Posto isso, podemos dizer que em nosso mundo tais princípios aparecem como qualidade e quantidade. É pertinente dizer que a qualidade de um ser é sua essência, sua forma, seu ato e é, em resumo, a síntese principal de todos os atributos que pertencem a um ser e que fazem do mesmo o que ele é. Tal essência transcende esse mundo, poderíamos dizer, é uma propriedade que não está ligada às circunstâncias mundanas. Já a quantidade, ou a substância, ou a potência, pelo contrário, está estritamente conectada às condições características do nosso mundo; nesse sentido, nossa qualidade, ou seja, nossa espécie, é inumerável, não quantificável e toda vez que estamos nos medindo por quantificações estamos traindo nossa essência. Não se pode medir a qualidade de um ser por “mais” ou “menos”. Assim sofre a matéria.
É complicado dizer “matéria” que, no sentido escolástico, por exemplo, não é a “matéria” como a entendem os físicos modernos; é, na verdade, a substância, ou seja, a potência pura em que não há nada de distinto nem de atualizado. Não quero me alongar nessa distinção. No entanto, falar em “matéria” hoje é falar de obscuridade e confusão. Talvez seja um dos rebaixamentos mais perigosos já ocorridos na constante decadência do mundo e podemos até dizer que o que se chama de matéria hoje pode ser entendido como “o polo tenebroso da existência”, como dizem os metafísicos.