#MestresDosBancos
Os empreendedores que fazem do Brasil um grande negócio para pessoas, físicas e jurídicas, investigadas, processadas ou descondenadas pelos mais diversos crimes
“Um amigo na corte é melhor que dinheiro no bolso”.
— Shakespeare. Henrique IV
Nos bons tempos do Antagonista, a compra da mansão de Flávio Bolsonaro foi detalhada.
Enquanto os esquemas de rachadinha da família eram encobertos com uma fina camada de esquemas, acordos e abraços no Rivotril José Antonio, a mansão passava por uma reforma.
Flávio Bolsonaro, que havia declarado patrimônio de 1,7 milhão de reais em 2018, de repente tinha o suficiente para bancar um financiamento da mansão de 6 milhões. O salário do senador era de 25 mil reais e o financiamento ficou em mais de 18 mil mensais.
Mas não se preocupe, você já paga mais pelo salário dos senadores, que quase duplicou em 2023. Assim, em 2024, o senador, empresário e advogado Flávio já pagou mais de 3 milhões para quitar sua casinha própria.
Quando fez o financiamento, o filho de Bolsonaro tinha um bom histórico: além de não ter renda compatível, era investigado por desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro com imóveis. Vejam que coincidência.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, Flávio teria liderado um esquema no qual parte dos salários de 12 ex-assessores fantasmas foi desviada, totalizando 6,1 milhões – pouco mais que o valor da mansão. Um terço desse valor teria sido transferido para contas de Fabrício, o Queiroz. Relembrar é viver.
Falando nisso, cadê o Queiroz?
Queiroz já conseguiu a sua boquinha com a prefeita de Saquarema, Lucimar Vidal (PL). Os políticos cidadãos de bem do PL se diferenciam dos políticos democratas de bem do PT pela letra da sigla. Eles nem sabem o que significa ser liberal, muito menos trabalhador, mas como L é diferente de T, eles seguem como oposição.
Queiroz ocupa um cargo também perfeito para o seu histórico: é subsecretário na Secretaria Municipal de Segurança e Ordem. O assessor do 01 tentou se eleger vereador, recebeu menos de 600 votos e, ainda assim, ficou como primeiro suplente do partido.
Mas voltemos à mansão do Flávio Bolsonaro. O Banco camarada que fez o empréstimo para senador foi o BRB. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, chegou a ser cotado pelo governo Bolsonaro para presidir o Banco do Brasil, com as bênçãos de Ibaneis Rocha.
Neste ano, o BRB ajudou outro parlamentar a comprar sua mansão.
Como revelou o jornalista Paulo Cappelli, Arthur Lira financiou R$ 7 milhões para adquirir sua nova mansão, dando R$ 3 milhões de entrada. As parcelas mensais ultrapassam R$ 100 mil, enquanto seu salário líquido como deputado é de R$ 35 mil. O valor da nova mansão representa quase o dobro dos bens e do dinheiro que Lira declarou três anos atrás.
Arthur Lira, ao menos, conseguiu sepultar as ações judiciais que pesavam contra ele antes de fazer o financiamento. Afinal, ele não conta apenas com o respaldo do Banco amigo, mas também com o apoio estratégico dos tribunais superiores, igual ao 01 do Jair. As acusações de fraude e corrupção passiva que enfrentava foram arquivadas, e Gilmar Mendes chegou a ordenar a destruição de provas que poderiam incriminá-lo. Agora, Lira pode desfrutar tranquilamente de sua mansão de 800 metros quadrados, situada no Lago Sul, quase vizinho de Flávio Bolsonaro.
O BRB é mãe. O BRB é pai. O mesmo banco estatal e o mesmo presidente que agora vão salvar o Banco Master. É um enredo muito bem enredado.
O banco estatal que vinha propagandeando que a nova gestão combateria a velha corrupção, promovendo transparência e crescimento, está cumprindo o que prometeu.
A velha corrupção passou por um daqueles procedimentos de harmonização facial e está com a cara da Gretchen.
O BRB privilegia, em seus negócios, pessoas físicas e jurídicas sem renda compatível, preferencialmente investigadas, processadas ou descondenadas pelos mais diversos crimes.
A compra do Banco Master parece reunir uma verdadeira galeria dos malvados favoritos da nação. Guido Mantega foi a ponte entre Daniel Vorcaro e Lula; a mulher do Alexandre de Moraes será advogada dos anjos caídos. Do outro lado, o presidente do BRB, camarada de Ibaneis, além de ajudar figuras como Flávio Bolsonaro e Lira com o “minha mansão lava minha vida”, agora vai salvar metade do Fundo Garantidor de Crédito de todos os bancos do Brasil ao comprar o Master.
E você aí, quando precisa de um consignado para pagar o aluguel em dia, empresta o seu próprio FGTS e paga juros?
É justo, alguém precisa sustentar essa picaretagem toda.
A frase do Shakespeare que abre o artigo - “Um amigo na corte é melhor que dinheiro no bolso” - deveria estar no lugar do "Ordem e Progresso" da bandeira e deveria estar também em tudo feito pelo governo, seja federal, estadual ou municipal: prédios, crachás, blocos de notas, uniformes, equipamento, nas notas e moedas de Real, etc.
Que dia mesmo foi marcado para a nossa queda da bastilha????