Esse mês eu vou ler pela quarta vez o Senhor dos Anéis. A última foi no verão de 2018, quando eu estava me recuperando de uma depressão e aquele volume único da trilogia virou meu refúgio. Por incrível que talvez possa parecer, naquele verão de 2018 a história, tão triste, significou esperança para mim. Vamos ver o que vou tirar dela agora. Obrigado, Martim, pelo grande texto!
Sobre o mal, o que mais me fascina na história é que [spoiler] o Frodo sucumbe ao anel no final, recusando-se a destruí-lo. Apesar de tudo, de toda a luta, os sacrifícios e atos de heroísmo, de saber o que precisa ser feito, no final, cai em tentação. A redenção se dá (o fiapo inesperado de luz entre as trevas) pela obsessão cega do Gollum, ele próprio totalmente consumido pelo mal. Essa conclusão da história é muito impactante e traz reflexões profundas.
“O Mal é onipresente, mas não onipotente”, uma afirmação contundente e necessária. Belo texto, traz uma boa tese acerca do significado de “O Senhor dos Anéis”, e abre uma llente para uma forma fascinante de ler uma obra complexa e cheia de referências.
Leio o Tolkien desde 1979. Há uma declaração dele, na edição pocker da Unwin Papers, em um dos (3) volumes, em que ele afirma que nada tem a ver com "alusões" à situação do mundo real. Ainda que a escrita tenha se dado próxima ao transcorrer da 2° G. M. ("Jung explica")
Na minha impressão é uma obra-prima, pelo fato de que consegue integrar uma história maravilhosa (a gente fica pensando, de onde esse cara tirou isso!), com uma refinada reflexão sobre a natureza humana. Um Tratado de psicologia, política e antropologia em forma de ficção.
Há um trabalho de uma intelectual chamada Becca Tarnas, em que ela compara o "Livro Vermelho"de Jung, ao "Livro Vermelho de Werchmarch (?)" [não me lembro se a grafia está correta...]" de onde Tolkien "retirou ou compilou" as Histórias da "Terra Média". (Uma ficção dentro da ficção! Esse Livro Vermelho teria os registros escritos de Bilbo e Frodo Baggins... enfim, uma maravilha, um sonho!)
O trabalho de Becca (acho que é uma tese de doutorado...) encontra-se no YouTube.
Quanto ao resto dos opinadores: "deixa" eles pra lá.
Eu suspeitava – só podia suspeitar até ler este ensaio, caro Martim – que tanto Lewis quanto Tolkien (principalmente este) escreviam suas “fantasias” desde um nível muito mais profundo e elevado. Seu texto elucidou de vez a questão. Obrigado.
A atualidade de "O Senhor dos Anéis" como símbolo do que vivemos hoje é acachapante.
Vou me permitir uma heresia terrível e discordar do autor.
O tema mais geral da obra é o problema do Mal e de nossa relação intrínseca com ele. E o dinamismo dessa relação (o que nos abre uma esperança).
É curiosa a cena recorrente ao longo da história: todos os principais personagens da novela são levados a um confronto com o poder do anel: Gandalf, Galadriel, Aragorn, Sam, Bilbo. Que resistem.
Ou cedem a esse poder: Os 9 (os Nazgull, antigos reis da Terra Media)
Mesmo Sauron, que "se torna um com o anel" (quer dizer, com o Mal, e portanto, passa a ser seu títere [tanto que, no fim...])
E especialmente Frodo, talvez um "representante" do "homem comum" (o hobbit), que carrega consigo no bolso o anel e sua incrível promessa de poder, "tornar-se invisível", mas que é, ao mesmo tempo, tornar-se servo do Mal...
Dizia da esperança intrínseca, implícita, no "dinamismo da relação humana com o mal".
Ou, na bela formulação de Jung: "o confronto com a sombra".
Não é essa esperança de redenção que nos é indicada na saga dos verdadeiros heróis da nossa civilização: Jesus, Buda, Krishna, Moisés, e outros?
Esse mês eu vou ler pela quarta vez o Senhor dos Anéis. A última foi no verão de 2018, quando eu estava me recuperando de uma depressão e aquele volume único da trilogia virou meu refúgio. Por incrível que talvez possa parecer, naquele verão de 2018 a história, tão triste, significou esperança para mim. Vamos ver o que vou tirar dela agora. Obrigado, Martim, pelo grande texto!
Sobre o mal, o que mais me fascina na história é que [spoiler] o Frodo sucumbe ao anel no final, recusando-se a destruí-lo. Apesar de tudo, de toda a luta, os sacrifícios e atos de heroísmo, de saber o que precisa ser feito, no final, cai em tentação. A redenção se dá (o fiapo inesperado de luz entre as trevas) pela obsessão cega do Gollum, ele próprio totalmente consumido pelo mal. Essa conclusão da história é muito impactante e traz reflexões profundas.
Não teríamos os nossos "Nazgul"l hoje em dia, servos do "Sauron" por trás dos bastidores?...
Quem seriam "os 9" hoje em dia? E teríamos um "Sauron"?
9: que numerozinho sugestivo, não?...
O 9 foi uma ótima tirada, Emanuel! 🤣🤣🤣
“O Mal é onipresente, mas não onipotente”, uma afirmação contundente e necessária. Belo texto, traz uma boa tese acerca do significado de “O Senhor dos Anéis”, e abre uma llente para uma forma fascinante de ler uma obra complexa e cheia de referências.
Obrigado pelo ótimo texto, Martim. Vou incluir o Senhor dos Aneis nas minhas leituras de 2025. Estou precisando de uma dose de fantasia e esperança.
Vai amar, é inesquecível! 🙌
Na verdade, eu já li, há uns 20 anos. Preciso reler pra lembrar os detalhes. Os filmes acabaram roubando a memória que eu tinha do livro.
Olha, Martim, você é demais, rapaz! 🙌
Sou fã de Senhor dos Anéis!
Nunca imaginei que alguém pudesse ver "um caso" entre Frodo e Sam, que absurdo, essa pessoa não conhece amizade, lealdade e comprometimento!
Seu texto é tão completo e direto que não dá pra dar pitaco!
Muito, muito obrigada e um 2025 maravilhoso!
Parabéns sempre, Martim! 🙌
Leio o Tolkien desde 1979. Há uma declaração dele, na edição pocker da Unwin Papers, em um dos (3) volumes, em que ele afirma que nada tem a ver com "alusões" à situação do mundo real. Ainda que a escrita tenha se dado próxima ao transcorrer da 2° G. M. ("Jung explica")
Na minha impressão é uma obra-prima, pelo fato de que consegue integrar uma história maravilhosa (a gente fica pensando, de onde esse cara tirou isso!), com uma refinada reflexão sobre a natureza humana. Um Tratado de psicologia, política e antropologia em forma de ficção.
Há um trabalho de uma intelectual chamada Becca Tarnas, em que ela compara o "Livro Vermelho"de Jung, ao "Livro Vermelho de Werchmarch (?)" [não me lembro se a grafia está correta...]" de onde Tolkien "retirou ou compilou" as Histórias da "Terra Média". (Uma ficção dentro da ficção! Esse Livro Vermelho teria os registros escritos de Bilbo e Frodo Baggins... enfim, uma maravilha, um sonho!)
O trabalho de Becca (acho que é uma tese de doutorado...) encontra-se no YouTube.
Quanto ao resto dos opinadores: "deixa" eles pra lá.
Eu suspeitava – só podia suspeitar até ler este ensaio, caro Martim – que tanto Lewis quanto Tolkien (principalmente este) escreviam suas “fantasias” desde um nível muito mais profundo e elevado. Seu texto elucidou de vez a questão. Obrigado.
Martim, só vc pra me fazer ter a curiosidade de ler e assistir o senhor das anéis!
A atualidade de "O Senhor dos Anéis" como símbolo do que vivemos hoje é acachapante.
Vou me permitir uma heresia terrível e discordar do autor.
O tema mais geral da obra é o problema do Mal e de nossa relação intrínseca com ele. E o dinamismo dessa relação (o que nos abre uma esperança).
É curiosa a cena recorrente ao longo da história: todos os principais personagens da novela são levados a um confronto com o poder do anel: Gandalf, Galadriel, Aragorn, Sam, Bilbo. Que resistem.
Ou cedem a esse poder: Os 9 (os Nazgull, antigos reis da Terra Media)
Mesmo Sauron, que "se torna um com o anel" (quer dizer, com o Mal, e portanto, passa a ser seu títere [tanto que, no fim...])
E especialmente Frodo, talvez um "representante" do "homem comum" (o hobbit), que carrega consigo no bolso o anel e sua incrível promessa de poder, "tornar-se invisível", mas que é, ao mesmo tempo, tornar-se servo do Mal...
Dizia da esperança intrínseca, implícita, no "dinamismo da relação humana com o mal".
Ou, na bela formulação de Jung: "o confronto com a sombra".
Não é essa esperança de redenção que nos é indicada na saga dos verdadeiros heróis da nossa civilização: Jesus, Buda, Krishna, Moisés, e outros?
Boa, Emanuel! 🤝