Assim como meus colegas Diogo Mainardi e Danilo Gentili, virei um insulto. Quando alguém quer falar mal de outra pessoa, dizem “você pensa ou escreve como MVC”. Nenhum problema com isso. É a tal da poeira da glória. Ou melhor: é o princípio de Orestes Quércia - “falem mal ou falem bem, mas falem de mim”. Eis a primeira regra do marketing, da publicidade, do mundo maravilhoso dos influenciadores. Claro: eu não me considero um influenciador. Até abomino essa classificação (sim, sou esnobe). Uma vez, uma jornalista muito querida (sim, ainda gosto de algumas), iria me enviar um livro de sua autoria, e afirmou que fazia isso porque “eu influenciava muitas pessoas”. Juro que, naquele momento, pensei em mandá-la para o país desconhecido citado por Hamlet. Mas sou um homem paciente. Eu espero, espero e espero. Outro amigo meu, ao me entrevistar para um canal de um movimento da direita, também me classificou como “o influenciador dos influenciadores”. Como tenho fama de ser alguém difícil e temperamental, resolvi provar o contrário e fiquei novamente calado. Os anos passaram e percebi, com aquela alegria agridoce de quem é roubado somente no RG velho que precisa ser renovado e diz para si mesmo “está tudo bem, vamos em frente”, que vários companheiros meus simplesmente me kibavam sem nenhum pudor. Para quem ainda não é descolado com a linguagem das gírias virtuais, kibar é o sinônimo para plágio na internet. Há algum tempo, era também o termo para quem suportava sodomia (“ele dá a ré no kibe”). Portanto, sodomizaram meu trabalho diversas vezes - e eu permaneci indiferente. Afinal, o princípio de Quércia, etc. e tal. Pensei: é o preço de ser “o influenciador dos influenciadores”. E eu também confesso que faço as minhas kibagens (este texto que o leitor está a ler é uma tentativa patética de kibar o estilo Diogo Mainardi de escrita). Mas a kibagem a respeito do que realmente importo nos meus textos cresceu numa proporção considerável. Saiu de controle. De grupos de direita liberal a comentadores de política conservadora metidos a serem de “boa estirpe”, todos me kibaram como se eu estivesse em um gangbang. Fingi indiferença. Depois, quando Bolsonaro resolveu aloprar durante a pandemia (alguém se lembra disso?), vários membros do jornalismo profissional passaram a fazer o kibe dos meus escritos. Porém, fiquei quieto. E os insultos sobre a minha pessoa também continuaram - e aumentaram. Até houve uma dita pesquisadora da “extrema-direita” que copiou todas as minhas referências sobre Tradicionalismo e depois me chamou de antissemita (hoje responde um processo civil pelas acusações). Como Jesus Cristo na flagelação, permaneci quieto, um puro servo sofredor. Entre os xingamentos e a kibagem, continuei numa arrogante indiferença. Mas há limites. E o limite aconteceu ontem. Descobri que um tal de “oluiz” - um publicitário bolsonarista que iria para a Secom em 2020, mas foi impedido por ninguém menos que Alexandre Frota - roubou, linha por linha, vírgula por vírgula, o texto que escrevi na semana passada neste site sobre a página de fofocas Choquei. Obviamente, não darei o link do vídeo. É tudo o que ele quer. Entretanto, o meu texto está aqui. E a prova do kibe está logo abaixo deste post, em um corte feito pelo nosso mago das redes sociais, Junior Staff (contratem o serviço dele; o garoto é muito bom). Não fiquei bravo, ofendido. Na verdade, soube disso depois de ter almoçado um belo mignon a parmegiana e, quando eu me alimento deste prato dos deuses, sou o próprio amor e a própria compaixão. Mas, como diriam os negros americanos durante a luta pelos direitos civis nos anos 1960, I must stand my ground. Querem me kibar? Podem fazer isso, porém com talento, por favor. Contudo, desde quando a direita faz alguma coisa com esta palavra que falta no vocabulário dela: talento? A única habilidade dos intelectuais e dos influenciadores da direita é plagiar alguém realmente original. Ora, a esquerda faz o mesmo. Já dizia Millôr: a esquerda e a direita se plagiam mutualmente. Sou o inominável que todos me copiam? Não sei, nem quero saber. O que desejo apenas é um kibe com algum sabor (sim, o duplo sentido foi proposital). Já que é para ser insultado por toda a eternidade e, depois, ser roubado por um bando de salafrários, que seja alguém com o mínimo de inteligência. É uma tarefa impossível, eu sei, pois o Brasil é o país do futuro onde todos andarão com as quatro patas no chão, prontos para receber o novo kibe, prontos para serem a nova ofensa do planeta. Feliz Ano Novo a quem for me roubar em 2024.
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Prazer em conhece-lo, adorei seu texto e sua escrita!
Grata por colocar no papel o que precisamos ouvir e ler!
Pois é, Martim. Evandro Mesquita disse “quem tem bambu, faz flecha”. Continue fazendo suas flechas nem que seja para ser kibado.