Tudo errado, tudo certo…
Olha, eu não manjo nada de futebol. Nem gosto. Não torço pra time nenhum.
Sou o isentão da arquibancada, tanto do futebol, quanto da política.
Não apoio ninguém. Não curto ninguém.
Só torço por uma coisa: a zoeira.
Porque se é pra virar bagunça, então vamos oficializar.
Além do óbvio evidente de que estamos tratando a política como se fosse futebol desde que o Bolsonaro se candidatou pra presidente, eu notei outra coisa essa semana: Política e futebol estão em crise de identidade. Não me refiro a mudar pra ‘politique’ ou algo assim. Falo da essência mesmo.
Já não bastava a política sendo tratada como futebol, agora é o futebol que está sendo tratado como política. A nova camisa vermelha da seleção causou mais rebuliço que reforma ministerial. Se a gente engajasse como a gente engajou na cor da camiseta na Previdência, por exemplo, o país estaria emprestando dinheiro ao FMI.
A direita gritou: “Isso é comunismo!”
A esquerda comemorou: “Finalmente o Brasil assumiu o lado certo da história!”
E a Nike só se interessa vender camiseta.
E a gente engajando enquanto a CBF arregou dizendo que nada era oficial, somente um teste.
Quer saber: DA-NE-SE a cor da camisa da seleção se futebol de verdade tá faltando faz muito tempo. Reclamar da cor da camisa da seleção é tipo discutir o pacote do pão enquanto o hambúrguer é de carne de cachorro.
Por aqui, a política não é debate, é clássico. Afinal também tem bandeirão, juiz comprado, VAR ideológico, torcida organizada na Paulista e gol contra toda semana.
E a gente trata tudo como se fosse final de campeonato: grita, xinga, bate boca no grupo da família e ainda compra camiseta pra defender político milionário que nunca jogou nem a pelada do churrasco.
A diferença é que ainda não foi oficializado. Então eu sugiro agora oficializar de vez. Vamos fazer a escalação oficial do time do Brasil pra Copa do Caos 2025:
Goleiro: Arthur Lira. Agarra tudo, principalmente o que não devia passar.
Zagueiros: Lula e Bolsonaro. Um bate, o outro também. Um apanha, o outro também. Mas os dois juram que é em nome da democracia.
Laterais: Marina Silva (tá sempre na lateral, nunca no centro) e Ciro Gomes (vai da esquerda à direita com a mesma facilidade com que perde a cabeça).
Volante: Haddad. Marca mal, mas fala bonito na coletiva. Taxa de rendimento é inflada!
Meias: Simone Tebet (não passa pra ninguém) e Janones (joga com o celular na mão).
Atacantes: Tarcísio (bom de finalização com verba pública) e Boulos (chuta bem, mas a bola ainda é dos outros).
Técnico: STF. Apita, escala, muda a regra e ainda dá cartão vermelho pra quem discorda.
Banco de reservas: Zema, Mourão, Tabata, Pacheco e Damares, todos aquecendo desde 2018, mas quando entram, ninguém percebe.
Organização: CBF – Confederação Brasileira de Falcatruas – organiza tudo: o Brasileirão da CPI, a Supercopa do Fundão Eleitoral, o Torneio Interestadual de Troca-Troca Partidário e a Taça Imunidade Parlamentar. O VAR é comandado por Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. O replay é interpretativo e tendencioso: depende de quem tá com a bola.
Narração: Galvão Bueno.
“Olha o Congresso vindo aí… É agora, amigo! VAI VOTAAAR... PRA FOOOOOOORA! Inacreditável! Votaram contra o próprio projeto! Que fase!”
Galvão já teria desistido no primeiro turno e estaria dando palestra do quanto era melhor antes. Ou, virado coach.
Torcidas organizadas: só duas camisas, Verde e a amarela (camisa 17 ou 22). Canta o hino, bate continência e compartilha fake news com orgulho. E vermelha, camisa 13: defende o passado com tanto fervor que esquece de marcar o presente.
Vou inserir aí também a camisa que eu vestiria, a branca: quer paz, mas tá sempre pronto pra discutir “com todo respeito”. (Ou não. Acho que eu seria do time sem camisa, apesar do porte atlético)
Divulgação: na coletiva de imprensa, a gente ouviria a papagaiada de sempre…
“Olha, a gente tentou fazer o melhor pelo povo. Mas o orçamento não ajudou, o relator errou a marcação e a base tava desmotivada.”
Local dos jogos: Em frente do Congresso Nacional. A grama é sintética, o clima é tóxico, o tempo é seco e toda jogada é ensaiada.
Placar final: 1 pra eles X 0 pra gente.
O povo paga o ingresso, torce, briga, se decepciona...
E, ao apagar das luzes, ainda leva duas bolada nas costas.
Destaque no Juniores: Gustavo Lima indeciso se avança ou não e Pablo Marçal. Em vez de estar sentado na cadeira, está com ela na cabeça.
Repercussão: Nos programas de mesa redonda com o tamanho exato da pizza.
Conclusão: Nada de novo, certo? Só a confirmação do óbvio:
A Política Futebol Clube é real.
A Copa do Caos é nossa.
E já estamos nas oitavas… de recessão.
Sempre muito bom!
Ótimo ! Apenas divirjo do resultado, perdemos de 7x1