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Há alguns caminhos para a política real. A começar pela leitura diária do NEIM que nos distancia dos fanáticos (aqueles, como você menciona Chiuso, da porta da cadeia ou da frente do quartel). Considero que o que vocês trazem nos oxigena em clareza e discernimento. Clareza para ver o que tentam os políticos carreiristas esconder por trás de cortinas de fumaça. Discernimento para caminhar, para progredir, para transformar. A maioria de nós tem filhos, e mais alguns já tem netos. Queremos sim, e torcemos pela transformação. E à ela (a transformação para o futuro), muitos de nós se dedicam.

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"Não seria difícil organizar todo esse povo para fiscalizar o que o prefeito anda fazendo ou deixando de fazer. Mas a política real dá mais trabalho do que fingir um patriotismo lutando por valores abstratos e fantasias ideológicas."

Participei por um tempo do Observatório Social do Brasil, da minha cidade. A proposta do órgão é fiscalização de gastos públicos através de acompanhamento de licitações e depois, verificação de artigos adquiridos com verbas públicas. Também acompanhando o trabalho de vereadores. Por um tempo, o trabalho foi desenvolvido bem, com a mudança de diretoria, porém, o presidente, em reunião, acusou a diretoria anterior de agir com ilegalidade, fui a única voz a discordar, pois não era verdade. Na sequência, disse ele que iríamos agir "pianinho", não mais acompanhando também, os trabalhos na camara municipal. Pedi para sair, recentemente fiquei sabendo que fechou a subsede ourinhense. Melhor mesmo, estava fugindo de seus princípios. O presidente que trouxe para a cidade comentou ao entregar a presidência, que em conversas com empresários da cidade, explicando o que era o observatório social, ficou decepcionado com a falta de interesse em participar... não é fácil não

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Enquanto não tentarmos que parem de destruir a cultura da justiça, do caráter e da honestidade de propósitos acredito que nosso fim será a lei da selva. Sobrevivência do mais forte. Talvez o voto distrital misto com recall fosse um começo.

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Não podemos reclamar. Politicos são extrato da nossa sociedade sem ética, é estrutural, nos representam.

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Bravo!

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"O assassinato de Marielle é a prova de que a nossa política também morreu"

A política já morreu há muito e o assassinato de Marielle é só um desdobramento tardio e nada surpreendente de um estado de coisas há muito já instalado.

Reinaldo Azevedo costuma dizer que Loola tem que ser aplaudido e todos deveriam cerrar fileiras em torno do quadrilheiro porque Pingão seria a garantia da preservação da política, do "é conversando que a gente se entende" (risadas), e que Bolsonaro é truculência etc. Ditos estúpidos como esse desembocam no assassinato de Marielle. Sua Lulidade é a morte da política. Só um "caso psiquiátrico" como tio Rei finge não ver tal.

"A exploração política da morte da

vereadora Marielle demonstra o

submundo que se tornou o nosso país".

O país sempre foi um submundo. Exatamente por isso em pleno 2024 a educação é o que é, saúde inexiste, ocorrem mais de 40 mil assassinatos por ano, a população vive na miséria, mais da metade dela não tem saneamento básico, milícia, tráfico, crime e corrupção tomaram conta de tudo, ou seja, da política ao STF. E se explorar a morte da outra é só, portanto, mais um sintoma, como seu próprio assassinato, do estado de coisas que reina há séculos no Patropi. Que ela seja morta e explorada é apenas manifestação despudorada, em tempos despudorados, dessa situação que grassa há tempos no Bananal.

"A impressão é que ninguém está

realmente preocupado com a escalada da violência"

Impressão? O estado da saúde, educação, segurança pública, ausência de saneamento básico, o grau de penetração do crime em todas as esferas da sociedade etc são provas de que "ninguém está preocupado" com absolutamente nada há séculos nessa terra esquecida por Deus. Escalada da violência é apenas mais um item na lista a confirmar a eterna indiferença total em relação a tudo.

"A primazia da política sobre a cultura é, talvez, uma das características mais marcantes da modernidade".

É talvez o que tenha feito assinante reclamar de textos "rebuscados" no NEIM (palavra dele) que, segundo o próprio, "dificultariam que viesse a tomar decisões em sua vida" a partir do noticiário uma vez que tais textos seriam atravessados por rebuscamentos só compatíveis com contos e poesias, feitos para emocionar, e não por objetividade sintética que lhe ajudaria a entender que "A causou B" (termo dele) e lhe permitiria, de acordo com sua expectativa, a "tomar decisões na vida".

Forçando a coisa, ele pediria mais "primazia da política sobre a cultura" sem perceber que é esta que melhor lhe possibilitaria "tomar decisões sobre a vida". Sem notar que a ausência daquilo que pede que fique de fora é a "base para se estabelecer uma ética e uma justiça" sem as quais "expressões morais perdem sentido" e, assim, assassinatos de Marielles se tornariam fatos da paisagem tão naturais como um Pão de Açúcar. O que faria com que clamasse por mais política para resolver as mortes das Marielle da vida quando tais são resultado da ausência daquilo que ele pede que também fique de fora dos textos do NEIM.

E se diz que "não é fácil convencer

uma multidão que faz vigília para político corrupto na porta da cadeia ou ficam em acampamentos pedindo intervenção militar" a adquirir uma "ação comunitária independente e desinteressada" ou assinantes que pedem textos menos "rebuscados" a se convencer que a ausência disso dificultaria ainda mais que conseguisse "tomar decisões sobre sua vida".

Não é fácil mesmo, mas tal é obrigação da cultura, muito acima da política, e dessa "zona de interesse".

Viva os textos "rebuscados"!

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Publicado no Twitter em 26/03/24:

A esgotosfera bolsonarista é um antro de negacionismo, apologismo da ditadura militar, racismo, fake news e idolatria cega. A esgotosfera petista, por sua vez, é um antro de negacionismo, antissemitismo, apologismo de ditaduras, fake news e idolatria cega. Tutti buona gente…

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Por Augusto de Franco (@augustodefranco) no Twitter em 26/03/24 :

Errado, não só com o pensar, mas também com o emocionar. A justiça deve prevalecer, mas quando ela se confunde, na emoção de grandes contigentes da população, com vontade de vingança, desejo de revanche, é sinal de que o ambiente social está se configurando avesso à democracia

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No Twitter em 26/03/24:

A Lava Jato começou com uma investigação de lavagem de dinheiro em um posto de gasolina em Brasília. O caso Marielle Franco é um fio que, se puxado, revelará um esquema gigantesco que envolve crime e política. Vai ser puxado?

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Na revista digital Crusoé em 05/04/24:

O valor da justiça, o custo da injustiça e vice-versa

Lula estava bem tranquilo com a demora na resolução dos homicídios de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Foi o que ele disse em fevereiro, numa entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia: “Sabe quantos anos eu estou esperando o mandante do crime da Marielle? Seis. E não estou com pressa de dizer quem foi. Eu quero achar. Quando eu achar, vou dizer ‘foi Fulano de Tal’”.

Foi uma declaração espantosa por seu componente de megalomania. Reparem que o presidente da República quase tomou para si o papel de investigador, prometendo que daria o nome do mandante assim que o identificasse (“quando eu achar, vou dizer”). Pouco mais de um mês depois, coube à Polícia Federal apresentar ao país os prováveis arquitetos do assassinato de Marielle e Gomes. O relatório da investigação, esmiuçado por Wilson Lima na Crusoé da semana passada, aponta para os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, figurões da política carioca, e para o delegado Rivaldo Barbosa.

Foi também uma declaração indecente, pelo paralelo que traçou entre um duplo homicídio que a polícia brasileira até então não havia solucionado e o assassinato de um prisioneiro político cometido por uma ditadura. Pois o presidente viajante não havia sido questionado sobre o caso Marielle: ele respondeu a uma pergunta do repórter Américo Martins, da CNN, sobre a morte de Alexei Navalny, opositor de Putin, em uma presídio no Ártico. Lula pediu que se concedesse tempo para que os legistas russos apresentassem suas conclusões – como se fosse possível confiar nelas. O assassinato da vereadora carioca entrou na conversa para isentar um regime autocrático de responsabilidade sobre a vida dos dissidentes que encarcera.

Lula invocou as protelações do caso de Marielle para dar um verniz de normalidade aos crimes da ditadura de Putin. No entanto, o atraso das autoridades para chegar ao nome dos mandantes não teve nada que se deva considerar “normal”. O relatório da PF diz que o delegado Barbosa - alçado a chefe da Polícia Civil em 13 de março de 2018, um dia antes do crime - atuou na investigação para desviá-la do rumo certo (que, afinal, levaria a ele mesmo). O detalhe mais perverso da história é que ele se fez de amigo da família da vítima.

O caso confirma que a promiscuidade entre crime e política é o "velho normal" do Rio de Janeiro (ou do Brasil?). Multipartidário e trans-ideológico, essa patologia institucional teve um exemplo ostentoso na eleição de Domingos Brazão para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em 2015. Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, 61 dos 70 deputados (quatro estavam ausentes da sessão) votaram nele. A única bancada que recusou Brazãc

foi a do Psol, partido de Marielle. O

relator encarregado de examinar sua candidatura - e que lhe deu parecer favorável, claro - foi o petista André Ceciliano, hoje secretário de Assuntos Federativos do governo Lula. Tão certa era a vitória de Brazão, que o então deputado Waguinho (hoje

prefeito de Belford Roxo e marido de Daniela do Waguinho, breve mas

inesquecível ministra do Turismo)

pendurou cartazes congratulando o

futuro conselheiro já antes da

votação. Domingos Brazão foi eleito

para integrar um órgão que fiscaliza

contas públicas apesar de estar

respondendo a um processo por

improbidade administrativa.

Domingos Brazão já era citado como provável mandante do crime desde 2019. Sua prisão agora é celebrada como uma vitória da Justiça. Ainda que o processo corra célere e todos os responsáveis pela morte da vereadora e do motorista sejam sentenciados e presos, resta saber se será feita uma limpeza profunda da política e da polícia do Rio de Janeiro.

Por acaso, também chegou a termo

neste ano o julgamento dos acusados de matar outra cidadã das periferias do Rio. O fato se deu há dez anos: Claudia Silva Ferreira, auxiliar de serviços gerais e mãe de quatro filhos, saía de sua casa para comprar pão, no Morro da Congonha, em Madureira, quando foi baleada no pescoço e nas costas. A perícia constatou que os tiros foram disparados da posição naquele momento ocupada por dois policiais militares que conduziam uma operação na favela. Em julgamento no mês passado, eles foram absolvidos. O juiz considerou que eles apenas falharam na mira

durante uma troca de tiros com um

traficante. "Os acusados agiram em

legítima defesa para repelir a injusta

agressão provocada pelos

criminosos, incorrendo em erro na

execução, atingindo pessoa diversa

da pretendida", diz um trecho da

sentença reproduzida em O Globo.

Já desde o século passado, o Rio de Janeiro é infestado por entidades sobrenaturais conhecidas como "balas", que percorrem os ares perdidas, até encontrarem abrigo no corpo dos passantes imprudentes. Só que esta história não acaba com as balas chegando às costas da auxiliar de serviços gerais: no esforço de corrigir um engano honesto, os policiais jogaram a vítima no porta-malas da viatura, para levá-la a um

hospital, ao que parece. O

compartimento abriu-se no caminho e Claudia foi arrastada por 350 metros, pendurada ao carro pela roupa. Pedestres e outros motoristas alertaram os policiais que uma "pessoa diversa da pretendida" estava sendo esfolada no asfalto. Eles não pararam.

O Globo informa ainda que um dos

policiais envolvidos chegou a ser

preso em 2020, por associação com milícias. Não me surpreende.

Cerca de um mês antes da

absolvição, o ministro Luís Roberto

Barroso publicava um artigo na Folha de S. Paulo exaltando a eficiência e a produtividade do Judiciário brasileiro. Encerrava o texto com esta frase de efeito: "O custo da Justiça pode parecer alto, mas o da falta de justiça é bem maior". Conrado Hübner Mendes, também na Folha, demoliu a

argumentação do humanista do STF, demonstrando que ela se amparava na equiparação enganosa entre o valor da justiça, que é imaterial, e os valores do orçamento da magistratura, que são quantificáveis - e, no Brasil, exorbitantes.

É o caso de perguntar o quanto nos

custa a injustiça.

Link:

https://crusoe.com.br/cronica/o-valor-da-justica-o-custo-da-injustica-e-vice-versa/.

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Chiuso, muito bom o seu artigo. Tem vários trechos interessantes para se pensar e debater ou pensar junto.

Você menciona a escalada da violência e a impressão - acrescento, quase palpável-, que ninguém está preocupado com o assunto. A impressão que tenho é que não tem ninguém verdadeiramente interessado em resolver as questões que afligem a sociedade cotidianamente, além da violência. Os políticos, de modo geral, pensam apenas na próxima eleição e em como se manter no poder ou próximo dele. Aos eleitores, distribuem migalhas - uma praça, um evento, uma cesta básica, uma promessa de vida melhor.

A vida em sociedade deveria ser pautada por valores éticos e, acrescento, princípios morais e o Estado seria o reflexo disso e, assim, teríamos a verdadeira Justiça. O que temos hoje em larga escala é a vigência ininterrupta, e extensível a todos, da "lei de Gérson" e enquanto muitos levam vantagem a grande maioria está em desvantagem.

Aqueles que acreditam que "a função de um governo seria controlar e organizar a atividade humana, visando a sua perfeição" sugiro que parem um pouco e reflitam. Se o estado ou um governo faz isso, ele espera em troca submissão. E o ser humano minimamente dotado de intelecto quer fazer suas próprias escolhas - mesmo que imperfeitas - e deverá arcar com suas consequências - momento difícil e muitas vezes indesejado.

O ser humano do outro lado do Rubicão ideológico tornou-se um mal a ser abatido porque hoje não vemos disposição para o diálogo dos contrários, apenas para o monólogo dos iguais e seu viés de confirmação. Ao diferente resta o silêncio ou o risco do cancelamento.

Você sugere ao final que "talvez a solução esteja na ação política comunitária e totalmente independente, desinteressada". Fiquei me perguntando se existe realmente uma ação que seja desinteressada.

Adoro bons argumentos!

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👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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Os irmãos deputados ofereceram um lote de um terreno ocupado pela milícia deles para assassinar uma vereadora que estava incomodando os planos de expansão ilegal do terreiro deles.

Assim estamos em 2024.

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Excelente

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Adorei seu texto ! Concordo com o leitor Ivo…os políticos são o reflexo da sociedade. Sem uma educação de base, com valores éticos e noção de civilidade, cidadania e bem comum, não há como melhorar. Triste.

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