#SemConvicção
A nota da Arquidiocese de São Paulo sobre o caso Lancellotti é constrangedora.
Não foram vistos indícios de crime, mas também não foram vistos indícios de inocência. Segundo a nota oficial da Igreja de São Paulo, não há convicção suficiente para conclusões.
“A Arquidiocese de São Paulo, não chegando à convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia e considerando as conclusões do MPSP, bem como da Justiça Paulista, também decidiu pelo arquivamento e informou a Santa Sé”.
Mas o inquérito canônico é independente das conclusões do Ministério Público, porque tipo penal nada tem a ver com lei moral, que é o objeto das investigações canônicas.
De acordo com o Vade Mecum do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre os procedimentos para tratar os casos de abuso de menores por clérigos:
1. O delito em questão inclui todo pecado externo contra o sexto mandamento do Decálogo cometido por um clérigo com um menor (cf. cân. 1398 §1 CIC; art. 6, 1º Moto Proprio, SST)
2. A tipologia do delito é muito ampla e pode incluir, por exemplo, relações sexuais (com e sem consentimento), contato físico de ordem sexual, exibicionismo, masturbação, produção de pornografia, indução à prostituição, conversas e/ou propostas de caráter sexual inclusive através dos meios de comunicação.
Se, em 2020, a Arquidiocese abriu um inquérito canônico a partir de denúncias públicas, por que a conclusão não veio à tona, até para provar a inocência do padre Lancellotti? A resposta ecoa: “não há convicção suficiente”.
Assim como “não há convicção suficiente” nos casos de abusos cometidos pelo padre Bartolomeu e pelo frei Carrara, dos quais falei num texto passado. E muito menos do escândalo sexual do Mosteiro de São Bento de São Paulo, que estampou as páginas policiais em 2021.
Agora, sejamos sinceros. Os católicos sabem muito bem o tamanho da crise moral que a Igreja enfrenta. O caso do padre Lancellotti é apenas a ponta do iceberg. Ainda mais constrangedor do que falar desses assuntos é vê-los sendo jogados para debaixo do tapete pela corte pontifícia, que nos dá como resposta somente um lacônico “não há convicção suficiente”.
Leia outro texto sobre o assunto:
”A seriedade do combate à pedofilia parece bastante questionável. Tudo sempre corre em segredo e esses assuntos são sempre envoltos em dúvidas e constrangimentos”.
Seguem o princípio do TSE... o excesso de provas prejudica qualquer arbítrio..
Já venho dizendo há tempos que em algum momento virão com a interpretação da pedofilia como “outra forma de amor “. Aguardem...