#SilêncioQueIncomoda
O vídeo do Felca sobre as redes de exploração de crianças expõe a habitual falta de ação das autoridades, mas o silêncio da mídia revela uma falta de interesse constrangedora
Atualização: Felca lançou uma denúncia sobre as redes de exploração de crianças — e, como num passe de mágica, o governo lembra da PL 2628, com aquele mesmo discurso de proteção e o mesmo objetivo de sempre: controle das redes. Porque, no fim das contas, o problema não é fazer… é postar.
O vídeo do Felca sobre a Adultização Infantil e o silêncio que incomoda
Foram sete meses de investigação. É preciso estômago, psicológico e coragem para reunir provas e expor, de forma tão direta, um problema que muitos preferem fingir que não existe: a adultização e exploração sexual de crianças.
Eu mesma, em particular, não tenho psicológico para lidar com o assunto, mas tenho a plena consciência da importância e necessidade dessa pauta estar sempre em evidência.
O youtuber Felca publicou recentemente um vídeo que, para muitos, é desconfortável de assistir. E não por exageros ou sensacionalismo, mas pela realidade crua que expõe.
O assunto não é novo. Volta e meia ganha espaço na mídia, mas desta vez, a repercussão foi maior. Por quê? Talvez porque Felca não tenha histórico de declarações políticas — e, num Brasil polarizado, isso fez com que seu vídeo fosse ouvido por todos os lados. Não houve a barreira do “não concordo com sua ideologia, logo, nada que você diga é válido”. Se fosse um político, um militante de esquerda, ou um religioso fervoroso, o tema se diluiria em rótulos: “militância vazia”, “fanatismo”, “teoria conspiratória”. Enquanto isso, o que realmente importa — a proteção das crianças — seguiria relegado ao segundo plano.
E é justamente nesse ponto que a indignação cresce.
O caso não é isolado. A Ilha de Marajó? Esquecida. O escândalo Epstein? Já fora das manchetes. Acusações contra P. Diddy? Silenciadas. Em quanto tempo o vídeo de Felca também vai sumir do noticiário?
A verdade é dura: há quem não queira lidar com esse problema. Por medo, por conveniência… ou por envolvimento direto. Quem tenta expor é frequentemente atacado, desacreditado ou silenciado. Não seria surpresa se, em breve, tentassem desacreditar o próprio Felca trazendo à tona algum ‘podre’ do passado.
Há, ainda, a resistência em acreditar que esse mal esteja tão próximo. É mais confortável pensar que pedofilia e redes de aliciamento são exceções distantes, e não uma ameaça real. Mas as investigações mostram o contrário: de comunicações secretas entre criminosos a produções aparentemente inofensivas, como desenhos animados, que introduzem mensagens subliminares para naturalizar a adultização infantil.
O cenário piora quando olhamos para os números. Ou melhor: para a bagunça dos números. Ao pesquisar dados sobre desaparecimento de crianças e adolescentes no Brasil, as divergências são gritantes. Há quem fale em 54 casos por dia; outros, em 110. Algumas fontes apontam 90 mil ocorrências nos últimos quatro anos; outras dizem que não existem dados oficiais atualizados para 2025.
E, mesmo assim, desde 2019 existe uma lei prevendo a criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas — que, até hoje, não saiu do papel. Sem esse sistema, informações ficam dispersas entre diferentes órgãos, sem padronização e com pouca troca de dados entre estados. A consequência? Dificuldade de localização, investigações prejudicadas e casos que, com o tempo, desaparecem também da memória coletiva.
Nos comentários do vídeo de Felca, a pergunta se repetia: “Por que isso não está na TV? Por que a grande mídia não fala nada?”. A resposta é óbvia para quem acompanha o funcionamento dos bastidores: não é falta de pauta, é falta de interesse — e, talvez, excesso de interesses.
Ontem, o Jornal Nacional resolveu entrar na festa e transmitiu uma reportagem sobre o caso. Seria por pressão popular ou súbito interesse editorial? Fica a dúvida. Afinal, o vídeo do Felca já acumula 175 milhões de visualizações no perfil oficial. Coincidência ou não, sempre paira um certo desconforto quando a velha mídia parece estar de boas intenções. Nem sempre está. É que, convenhamos, vozes muito altas nas redes sociais podem ser um problema… especialmente quando insistem em dizer aquilo que não deveriam.
Mas o recado que fica é direto: Aos pais atentos, redobrem o cuidado; aos criminosos, saibam que há quem observe, denuncie e resista; às autoridades, a pergunta persiste — onde vocês estão e de que lado estão?
O que Felca mostrou é só a ponta do iceberg. No fim, o que mais assusta não é só o conteúdo do vídeo, mas a certeza de que, se nada mudar, daqui a alguns meses ele será apenas mais um eco abafado no corredor do esquecimento.
Mas sejamos francos — e um pouco cínicos, por favor. Há um risco à vista e não é preciso ser Nostradamus para prever: façam suas apostas. Ontem mesmo pensei que seria bem provável ver esse debate sendo usado como mais uma carta na manga para restringir redes sociais sob o velho pretexto de “precisamos proteger nossas crianças”. Tradução livre: “precisamos silenciar denúncias como a que o Felca trouxe à tona”.
E foi curioso, para não dizer suspeito, assistir parte da esquerda abraçando com fervor uma bandeira que, em outros tempos, serviu para calar vozes incômodas. Justo aqueles que apoiam mudanças de sexo em crianças que mal entendem o conceito de sexualidade. Justo os que incentivam “manifestações culturais” com nudez para menores em ambientes escolares. A hipocrisia, nesse ponto, já poderia ser engarrafada e vendida no mercado — com direito a selo de “progresso” no rótulo.
E não demorou. Eu até achei que fingiriam por mais tempo, mas veio rápido: aproveitaram o timing perfeito para ressuscitar a PL 2628 e pedir “urgência” no controle das redes. Pacote completo: sistema de identificação de usuários, modelo chinês de censura digital, e claro — quem discordar automaticamente ganha o crachá de “pedófilo”.
Enquanto isso, seguimos sem um Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. Mas é claro, não se trata de preocupação real com as crianças. Afinal, elas podem dançar funk nas escolas, desde que ninguém filme para postar nas redes e provocar indignação. O que não pode é expor o circo que estão montando — porque o verdadeiro espetáculo é manter no sigilo os absurdos que cometem com elas. Afinal, fazer não é o problema, o problema é postar.
O que chamam de “segurança digital” é só o início de um controle para gerar um grande eco de SILÊNCIO.
Por falar em silêncio que incomoda….
A tentativa de assassinato de um PM que perseguia um “suspeito” na comunidade de Paraisópolis mostra , com especial nitidez, a falência total do Estado brasileiro e de nossa sociedade.
É verdade que houve uma falha no protocolo de atuação do PM. Não se deve entrar numa comunidade perseguindo um suspeito sozinho. Sem apoio, a chance de ser surpreendido, como foi, é maior. Mas isso aconteceu no calor do momento. Não que justifique
Mas tudo que vem a seguir, revela a total falência da nossa sociedade.
Ao abordar o “suspeito”, o PM tentou, de todas as maneiras, controlar o cidadão sem o uso da força excessiva, tão criticada pelas pessoas que desenvolvem suas teorias nos sofás e bares da Vila Madalena e Jardins e nos bancos das universidades públicas.
As pessoas da comunidade que assitiram ao episódio, tiveram 2 tipos de reação.
Indiferença ou, pior, julgaram o policial e argumentaram em favor de um cidadão que estava fugindo da PM e portando uma arma.
Um cidadão fala para o PM largar o suspeito pois seria trabalhador e pai de família…. Outro convocou os cidadãos a livrar o suspeito do PM que tentava o prender e o estava seguindo desde o assalto praticado.
Luta corporal. Duas pessoas contra o PM. Um armado!!! E ninguém avisou o PM que, ao sacar a arma para se defender ainda foi obrigado a ouvir “abaixa a arma que é pai de família….” Ou algo do gênero. O final todos sabemos. O “trabalhador” atirou no pescoço do PM que só não morreu por sorte.
Ao se confirmar a tentativa de assassinato, novamente 2 reações. Quem apoiou o bandido e o ajudou e incentivou a fugir, e quem simplesmente agiu com indiferença e não foi ajudar ao PM.
Vc consegue imaginar um parente seu que esteja trabalhando, seja alvejado e absolutamente ninguém se oferece a ajudar??? Seja por raiva da Instituição PM , falta de empatia ou por medo dos controladores da comunidade, pessoas simplesmente passaram reto por cidadão jovem ferido por arma de fogo. Salvo engano, isto também é crime de omissão de socorro.
Mas, pior que essa omissão in loco, foi a omissão da imprensa que noticiou com o desprezo e a desimportância usuais a ocorrência.
Se o policial tivesse atirado no “suspeito”, coisa que deveria ter feito naquela situação, a repercussão seria imensa.
Quantos Sakamotos et caterva não estariam na UOL criticando a violência policial e pedindo o fim da PM.
Não houve uma linha em defesa do policial. A vida jovem e parda de um PM, pelo jeito, não importa.
Não temos mais jeito mesmo. Que o PM se recupere bem. E que o país um dia tenha a capacidade de também se recuperar.
Infelizmente toda essa repercussão será utilizada por algum político como assunto para satisfazer seu gado eleitoral. Como bem lembrado pela autora do artigo, a Ilha de Marajó já foi esquecida. Serviu apenas para Damares utilizar como assunto na época da eleição. Resolvi dar um GOOGLE para procurar informações sobre a questão da Ilha de Marajó e encontrei esta noticia vinculada ao Senado Federal:
https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2025/06/no-marajo-cdh-investiga-denuncias-de-trafico-humano-e-crianca-desaparecida
"A Comissão de Direitos Humanos (CDH) está na Ilha do Marajó, no Pará, para apurar o desaparecimento da menina Elisa Rodrigues, em 2023, e outras denúncias de tráfico de pessoas e exploração e abuso sexual infantil. A ação, chamada de Missão Marajó, foi proposta pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente do colegiado, e conta com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB). Além de dar visibilidade ao caso Elisa, a diligência busca respostas concretas para a proteção de crianças e adolescentes da região."
Fonte: Agência Senado
Desde 2006 se sabe deste problema. Com todos os recursos que o Senado tem e até hoje parece que só sabem viajar para lá em busca de respostas.
Fica a pergunta. Damares quer resolver mesmo ou quer apenas utilizar este tema para tentar outro mandato ano que vem?