Não É Imprensa

Não É Imprensa

Share this post

Não É Imprensa
Não É Imprensa
#SobreVielas&Estilo (2)
Copiar link
Facebook
Email
Notes
Mais

#SobreVielas&Estilo (2)

Raymond Chandler, artista do submundo

Avatar de Não é Redação
Não é Redação
jul 08, 2024
∙ Pago
34

Share this post

Não É Imprensa
Não É Imprensa
#SobreVielas&Estilo (2)
Copiar link
Facebook
Email
Notes
Mais
3
Compartilhar

[Leia a primeira parte do ensaio]

Por Rodrigo Duarte Garcia

Embora exista uma discussão ferrenha sobre o assunto, a mim não há dúvidas de que a obra de qualquer autor pode e deve ser explorada para além de suas intenções explícitas [1]. Raymond Chandler não gostava muito de que o interpretassem e a seus livros em excesso. Ao ser elogiado por Auden, por exemplo, diria a um amigo: “Auden me deixou perdido. O seu ensaio sobre romances policiais é brilhante, mas por que me arrastar para dentro? Estou aqui me divertindo, escrevendo outra história de Marlowe, e esse cara me diz que eu escrevo ‘estudos sérios de um milieu criminoso’?”.

Mas, se de um lado é possível – e até desejável – ultrapassar as intenções declaradas por um autor sobre a sua obra, talvez essa não seja a maneira mais honesta de ao menos começar. Raymond Chandler era apaixonado pela linguagem, como um poeta. E, ao contrário do que pensava de si mesmo – ao menos em público, noblesse oblige –, era um grande estilista. E, justamente por isso, é questão de justiça e boa-vontade examinar seus livros pelo resultado desse apuro estético que consumiu noites a fio em inversões de frases, vírgulas cortadas e um cesto de lixo cheio de papéis amassados.

O interesse quase que exclusivo de Raymond Chandler pela linguagem revela a enorme influência da poesia em sua maneira de escrever. É interessante notar que ele mesmo identifica a importância do verso – traçando uma linhagem que parte de Walt Whitman – no ritmo fluido da forma inaugurada com o hard-boiled de Dashiell Hammett. E, em sua Defesa das Histórias de Detetive, Chesterton já havia também afirmado essa qualidade poética do gênero, dizendo que o “valor essencial do romance policial se encontra no fato de que foi a primeira e a única forma de literatura popular em que se traduz algum senso da poesia que existe na vida moderna”. Em Chandler, a influência da poesia está justa e igualmente nesses dois aspectos: tanto no apuro da linguagem, quanto naquele insondável “senso poético” identificado por Chesterton, presente em praticamente todas as suas cenas, diálogos e paisagens.

The Big Sleep (1946) | film freedonia
Humphrey Bogart como Philip Marlowe, em “The Big Sleep” (1947), de Howard Hawks.

Esta publicação é para assinantes pagos.

Already a paid subscriber? Entrar
Uma publicação convidada por
Não é Redação
Inscreva-se em Não
© 2025 Não é Imprensa
Privacidade ∙ Termos ∙ Aviso de coleta
Comece a escreverObtenha o App
Substack é o lar da grande cultura

Compartilhar

Copiar link
Facebook
Email
Notes
Mais