"O Brasil tá se deslocando tanto no mapa que já tá perto da China e da Rússia." – a frase de Oscar Filho em seu texto aqui no NEIM expressa, na verdade, o sonho dos petistas. Declaradamente, essa sempre foi a grande motivação de José Dirceu, Celso Amorim e Lula.
Está tudo correndo muito bem nesse sentido. Eles devem estar brindando nesse momento.
Ao contrário dos nossos líderes, que se perdem em questiúnculas domésticas e disputas de ego, Trump tem um plano – e ele não é sobre Moraes, Lula ou Bolsonaro. É sobre os Estados Unidos. Sempre foi. A sanção, o tarifaço, os decretos: tudo parte de sua estratégia maior, do que ele imagina que será o fortalecimento nacional e, quem sabe, da direita e, sobretudo, dele mesmo. O Brasil só entrou no mapa porque, para Trump, ele pode obter vantagens aqui. O foco não está nos dilemas brasileiros, mas sim no uso estratégico que ele pode fazer deles.
Segundo Lourival Sant’Anna, analista internacional da CNN, o plano já está em curso. Trump já instruiu o Departamento de Estado americano a realizar uma espécie de teste que poderá se estender a toda América Latina.
A ideia é promover um alinhamento ideológico e geopolítico no “quintal” dos EUA e, para tanto, o governo vai pressionar os países não alinhados como puder.
O Brasil será uma espécie de laboratório, segundo Sant’Anna. De acordo com a CNN, o plano prevê as tarifas de 50% - aplicadas a mais de 3 mil produtos brasileiros a partir do dia 6 de agosto -, retirada de vistos e sanções contra pessoas próximas ao presidente, com exceção dele próprio e da primeira-dama. Posteriormente, os alvos seriam os ministros do STF e qualquer empresa e instituição que mantiver relações com eles. Tudo perfeitamente compatível com a abrangência que os EUA vem dando à aplicação da Lei Magnitsky.
Na sequência, já está prevista a possibilidade de “descredenciamento da embaixadora brasileira em Washington, o que na prática significaria uma suspensão das relações diplomáticas entre os dois países”. Sim. É isso mesmo.
A ver se a pressão do mercado e do setor empresarial brasileiro, amplamente dependente de favores estatais, ainda terá algum peso real nas decisões políticas.
O mais constrangedor, ao saber de tudo isso, é constatar que vamos olhar para o problema e pensar: “mas que abuso do Trump”. Como se o maior problema fosse ele. A aprovação do Lula já subiu. Facilmente, a população da América Latina cai na conversa populista de que o país só tem problemas porque os EUA malvadões aplicam sanções.
A verdade é que, se somos alvo fácil do laboratório geopolítico de Trump, devemos isso às políticas que permitiram o país chegar a esse ponto. Ninguém mais leva o Brasil a sério.
Nem eles. E, no fundo, nem a gente.
Perfeito
Cavamos nosso próprio buraco vagarosamente, desde que a constituição de 88 foi proclamada. Agora, parece que não temos muito jeito de sairmos dele. Para facilitar, é pedir pro Tramp jogar areia e tapar logo o caixão.