[Leia aqui a quarta parte do ensaio]
Stoner, melhores momentos
William Stoner entrou na Universidade do Missouri como calouro no ano de 1910, com a idade de 19 anos. Oito anos depois, no auge da Primeira Guerra Mundial, recebeu o diploma de doutorado e assumiu um cargo na mesma universidade, onde lecionou até sua morte, em 1956. Nunca subiu na carreira acima da posição de professor assistente, e poucos estudantes se lembravam dele com alguma nitidez após terem cursado suas disciplinas. Quando morreu, seus colegas doaram à biblioteca da universidade um manuscrito medieval em sua memória.
Assim começa o romance, já entregando tudo: fica logo evidente que William Stoner, protagonista, não vai a lugar nenhum. Então o que pode vir nas 313 páginas a seguir? Aí está a primeira dica do talento de John Williams: a forma e conteúdo são um só. Assim como Stoner, o romance, aquilo que Stoner, personagem, tem de extraordinário, não é visível, está em seu interior.