[Leia a primeira parte do texto]
ANTES
Hadi Matar é um nada. Nada no trabalho, nada na família, nada em qualquer ocupação das horas. Mas armado de uma faca, é perigoso. De que caverna mental irrompe uma figura dessas? O que leva um homem de 24 anos, da classe média americana, de pais imigrantes libaneses, muçulmanos seculares, não filiados a organizações políticas, a sair de sua casa com uma mochila carregada com uma dúzia de facas diferentes, viajar 6 horas e dormir ao relento para assassinar um escritor de 75 anos? A resposta completa não cabe nessas páginas. A revolução, em 1979, que atrasou o relógio do Irã em 500 anos, incendiou com rastilho de pólvora um caminho que, 10 anos depois, por ordem e conveniência do Ayatollah Khomeini, iria cruzar a linha da vida de Salman Rushdie.