Aqui no NEIM há vários profetas e eu não deixo de ser um deles. Se minhas predições são melhores ou piores que as dos outros, o leitor que julgue. Já fiz vários prenúncios catastróficos por aqui: que tudo irá falir (inclusive este site), que Lula não está morto politicamente nem que Bolsonaro irá preso. Retrospectivamente, meus prognósticos mais certeiros encontram-se em dois textos específicos. Muito do clima político que testemunhamos hoje foi prenunciado nesses dois artigos de meses atrás.
Um deles foi, curiosamente, minha primeira contribuição para o NEIM ainda nos primórdios do site, quando ninguém sabia o que estava fazendo. O texto, publicado em sete de janeiro, afirmava que a disputa entre o STF e alguns perfis digitais era "uma disputa de poder muito antiga, anterior mesmo à existência das próprias redes digitais; uma disputa de poder entre hierarquia e networking ou entre a 'torre' e a 'praça', como chamou o historiador escocês Niall Ferguson em sua bela metáfora sobre o centro medieval de Siena.”
Na época, Alexandre de Moraes tentava silenciar alguns perfis digitais que, a seu ver, atacavam o estado democrático de direito. Moraes era a "Torre" e as redes digitais eram a “Praça”. Desde então, o embate jurídico escalou e Alexandre de Moraes não está mais apenas combatendo alguns nódulos do networking, estratégia histórica da hierarquia, mas o próprio meio sobre o qual opera o networking, que no caso é o X. E isso nos leva ao outro texto escrito quatro meses depois.