Donald Trump é o 47º presidente dos Estados Unidos.
O dia 5 de novembro jamais será esquecido porque não foi qualquer vitória.
Trump deixou a presidência dos EUA, em janeiro de 2021, tendo sofrido impeachment.
Naquela ocasião, em meio à Covid-19, Trump parecia fadado à lata de lixo da História, sobretudo depois do 6 de janeiro, quando o então presidente insuflou a massa para invadir o Capitólio.
Para a esmagadora maioria dos veículos de imprensa dos EUA e mundo afora, aquele era o fim de Donald Trump.
Porém, as coisas não aconteceram do jeito que os jornais previam. Aliás, muito longe disso.
Não apenas Donald Trump se recuperou, como, no certame eleitoral de 2024, conquistou o voto popular, o que torna sua vitória ainda mais legítima do que 2016, quando havia vencido “apenas” no Colégio Eleitoral.
Se a leitura da imprensa fosse menos previsível neste ano, talvez a surpresa com esse resultado não fosse tão grande. Mas o que se provou, mais uma vez, é que o jornalismo político abraçou um lado de tal maneira que foi incapaz de mostrar as fragilidades de Kamala Harris, que, na melhor das hipóteses, teria chance se fosse construída como candidata ao longo do mandato de Joe Biden.
Biden passou quatro anos sendo cortejado pela imprensa e deixando até mesmo que outras figuras em sua administração tivessem protagonismo, como Anthony Blinken, porque tinha certeza de que ele, Biden, seria o candidato à reeleição.
Bastou um debate para que os democratas, capitaneados por George Clooney e Nancy Pelosi, tratassem o presidente como velho decrépito. Em poucos dias, Biden foi chutado como um cachorro sarnento.
Restou ao presidente a humilhação de ter de apoiar a vice, que, como se sabe hoje, jamais teve chance de vencer.
Mas como é possível dizer que ela jamais teve chance de vencer?
Porque Kamala Harris foi uma invenção da imprensa, açodada em vender boas notícias e de que a campanha de Trump estava desacorçoada com a “renovação democrata”. Os democratas, então, passaram a entoar o coro do etarismo, sugerindo, a partir daquele momento, que Trump era senil e incapaz.
E Donald Trump? O Laranja tentava sobreviver. Literalmente. Antes da chegada de Kamala Harris na campanha, um balaço atravessou sua orelha; meses depois, seria alvo de outro atentado; e, por fim, seus seguranças tiraram de perto um sujeito que pretendia assassiná-lo.
Apesar disso, a imprensa dizia que Trump não tinha a menor chance. Agosto e setembro – os artigos, podcasts e vídeos estão aí para quem quiser assistir – foram os meses em que Kamala Harris foi presidente dos EUA, só faltando a confirmação do voto.
Pouco a pouco, porém, os institutos de pesquisa começaram a sugerir uma pergunta inconveniente: Se Kamala Harris vai tão bem, por que é que isso não se traduz em intenção de voto?
A verdade, que viria à tona neste 5 de novembro, era objetiva: Kamala Harris era uma incógnita para os norte-americanos. Ninguém sabia o que ela pensava. E a tentativa dos jornais, revistas, colunistas e do establishment hollywoodiano em normalizá-la só tornava as coisas ainda mais forçadas ao mesmo tempo em que sinalizavam que uma nova era estava se impondo.
A influência do aparato midiático e da indústria cultural junto ao público norte-americano tem suas limitações. É verdade que não se pode ignorar a força de Hollywood, mas acreditar que o vídeo dos atores dos filmes da Marvel ou que o Saturday Night Live podem provocar uma avalanche de votos parece, nesse momento, uma suposição estapafúrdia.
De igual modo, o jornalismo profissional, que, ao longo dos últimos oito anos, disse em reportagens, ensaios, artigos, editoriais que Trump era um monstro, está provando, mais uma vez, a revolta do público.
Indômita, a audiência parece dizer que não se importa com o jornalismo e com o braço armado das pesquisas de opinião, que até ontem garantiam que a disputa seria acirrada.
Como acreditar nas reportagens que vão denunciar os desmandos do governo Trump, sendo que a cobertura jornalística está marcada pelo partidarismo?
Como resgatar a legitimidade de quem deveria fiscalizar o poder, mas, em vez disso, serviu de babá para um presidente, Joe Biden, que já demonstrava sérios problemas cognitivos?
Como absorver como legítima qualquer análise dos mesmos formadores de opinião que passaram semanas dizendo que Kamala Harris ganharia a eleição, sendo que em nenhum momento havia dados objetivos que apontavam para isso?
Quem passou os últimos meses acompanhando a cobertura da imprensa a respeito das eleições dos EUA sabe, no fundo, que não dá mais para confiar no jornalismo.
A vitória de Trump é o último parágrafo no longo obituário do jornalismo profissional.
E sabem de uma coisa? O jornalismo merece ter essa morte horrível. Descanse em paz.
Texto perfeito. Tanto ela é uma criação jornalística que deu uma de Dilma ontem à noite, fazendo de conta que falava com um eleitor ao celular, toda sorrisos, "ah, que bom que você votou em mim, obrigada, que ótimo!..." e acreditando na própria farsa, virou o celular ao público "para mostrar como estava indo bem" - e adivinhe? Não estava falando com ninguém, o celular estava apenas filmando... As gafes de Trump são planejadas, têm público-alvo, e acertam. Podemos gostar ou não, mas envolvem 3 dígitos de QI.
É "chover no molhado" o que a imprensa se transformou na última década. Ainda na madrugada de hoje, o Uol chamava como bullet no box de destaque principal que as projeções apontavam 56% de chances de vitória de Kamala, sendo que Trump estava praticamente eleito já naquele momento. Não é possível que continuemos a agir dessa forma, tentando encaixar uma peça redonda num buraco quadrado. Várias pesquisas erraram novamente, o que vem acontecendo com certa regularidade no BR, mas sempre o erro é para o lado da "democracia".
A imprensa, assim como os "intelectuas", precisam entender que já não são a última bolacha (ou seria biscoito? Hehe) do pacote. Não adianta mais martelar uma ideia - muitas vezes em base alguma - na cabeça das pessoas. Já deu.
Mais um exemplo maluco disso se encontra numa coluna, justamente o UOL. O colunista, que passou toda a campanha insinuando que quem apoiava Trump era nazista, além de fascista, claro, simplesmente me joga o seguinte primeiro parágrafo: "Ele mentiu, ofendeu, cometeu crimes e foi condenado. E, mesmo assim, foi eleito presidente da maior economia do mundo e potência nuclear". Tirando a última parte, parece que está se referindo ao Lula, que ele apoia, claro, mostrando claramente o porquê de a imprensa estar nesse mar de lama. Não aprendeu nada a respeito do que se passou. Uma pena.