A palavra de ordem agora é: “Vibe Shift”. Ou, em português claudicante: “Mudança de Humor”.
(Mudança de Vibração fica estranho porque fará o leitor do NEIM lembrar-se de Mariliz Pereira Jorge, que escreveu uma coluna inteira sobre as delícias de se usar um vibrador. Então assim fica: mudança de humor. Taokey?)
No caso, essa mudança se deve a, claro, Donald Trump, que foi a Fênix de 2025 (até a Time Magazine admitiu isso, queridos kamalistas aposentados).
Niall Ferguson já escreveu ensaios (otimistas) a respeito da Vibe Shift - e, portanto, todo mundo vai começar a falar disso como se fosse a novidade, quando, na verdade, uma turma bem marginal no Substack já antecipava o momento lá no início do ano (enquanto os kamalistas acreditavam no echo chamber do Partido Democrata).
A alegria impera no Vibe Shift. Elon Musk vai acabar com a burocracia. Peter Thiel vai extrair seus dados pessoais sem nenhuma dor. Robert Kennedy Jr. finalmente descobrirá quem matou seu pai e seu tio, enquanto destrói a indústria farmacêutica.
No Brasil, com um Lula cada vez mais fragilizado, Janja despontará para o anonimato. Bolsonaro se reerguerá como Trump. Os olavistas continuarão a cagar regras sobre o que nunca entenderam. O MBL finalmente terá seu partido. A direita enfim viverá em Pasárgada, onde todos escolherão a mulher do rei para dormir em berços esplêndidos.
Pois bem: o chefe dos estagiários tem outra perspectiva. Que é esta aqui, ó:
No submundo da história, narrada pela voz subterrânea de uma realidade que se recusa a ser abandonada, a administração do apocalipse pelo Estado impediu que percebêssemos novas maneiras de ver o mundo e que poderiam fazer parte daquela tradição de homens que, movidos pelo senso de dever, investigaram o real para se chegar à verdade. Agora que o Estado não sabe mais o que fazer com o apocalipse político criado e gerenciado por ele próprio durante todos esses anos — graças ao “círculo dos sábios” que praticou detalhadamente a traição da democracia –, devemos nos perguntar se não é tarde demais para descobrirmos que a verdade objetiva sempre esteve no coração da linguagem.
Não gostou das palavras acima? Tudo bem: as suas lembranças - que serão extintas em breve - lhe dirão o contrário.
Evitar de ver o verdadeiro Vibe Shift para gostar apenas do Vibe Shift dos outros é mais do que uma mudança de humor: é uma mudança de inteligência - e para pior.
De resto, sextou com o ensaio abaixo:
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Olha aí... Pegada wittgensteiniana do Martim. Mas, de fato, é preciso mudar esse celeuma filosófico, iniciado no século XX com o positivismo e, depois, com o cientificismo, de reduzir a verdade à linguagem e à quantificação. Voltemos, por gentileza, ao Ser. O mundo agradece.