É a prática do ressentimento, da vingança e da desforra. Publicamente manifestado por Lula de um lado, e nas articulações de bastidor movimentadas por Valdemar.
Pelo menos ele mandou a merda no ventilador. Vão cassar sabendo que é retaliação mesmo.. o sinal dado para o judiciário é de que se quiserem uma carreira é muito dinheiro de pagador de impostos no bolso, não investiguem corrupto. Prerrogativas sinaliza que manda no supremo. Supremo ganha com decisão monocrática pro corruptos. Todo mundo sai ganhando, exceto quem paga a conta.
Interessante foi o desembargador citar, inteligentemente, várias referências do livro do garantista de conveniência, Gilmar, para basear o relatório. O bocudo terá que rasgar o que escreveu, o que não seria novidade.
A explanação do relator lavou a alma da gente, o homem esmiuçou tudo e, por ironia provavelmente proposital, citou até Gilmar Mendes e o advogado do prerrô p/ embasar seu voto. Sabemos q pouco ou nada vai adiantar, o futuro de Moro já está definido, mas não deixou de ser bom, foi um alento ver q dentro do judiciário ainda existem vozes capazes de dizer e ficar do lado da verdade.
Os detratores de Moro, do petismo ao bolsonarismo, ficaram surpresos e fulos, não esperavam essa vitória parcial de Moro na abertura. Temos 99% de certeza de q vai terminar c/ a cassação de Moro, mas o dia de ontem pelo menos foi bom, pudemos saborear um pouco de justiça verdadeira, pena q tão efêmera.
Ao menos serve de alento ver alguém defender o Moro e a Lava Jato!
Mentecapto e NaziLula não deixaram esse cara ter paz, um minuto sequer. Ele fez muito pelo Brasil, não é perdoado pelos canalhas exatamente por isso! É óbvio que o julgamento é simples desforra, pelo trabalho dele como juiz!
O Brasil merece os políticos que tem e o povo também, porque muitos votaram no condenado para se livrar do mentecapto. Muito antes, não se mobilizaram por uma terceira via, preferiram a polarização como se fosse uma partida de futebol . Sequer percebiam o desejo da classe política corrupta e desprezível que possuímos, suas tramas e interesseis ao dar palanque apenas a esses dois . O Brasil merece ser a 💩que é, pela sua história, seus povo e seus governantes .
Sergio Moro e o 1º de abril travestido de Estado de Direito
Não poderia ser mais emblemática a data do início do julgamento da cassação de Sergio Moro no TRE do Paraná — o 1º de abril, dia da mentira.
PT e PL uniram-se no ineditismo de acusar o senador de abuso de poder econômico na pré-campanha para a presidência da República, quando ele era do Podemos . A candidatura não foi adiante, Sergio Moro foi para a União Brasil, tentou se lançar como deputado federal por São Paulo, a Justiça Eleitoral barrou a mudança de domicílio eleitoral, e ele terminou se candidatando ao Senado pelo seu estado natal.
O partido de Lula e o partido de Jair Bolsonaro afirmam que os gastos e todo o aparato da pré-candidatura ao Planalto foram “desproporcionais” e deram a Sergio Moro uma vantagem decisiva para ser eleito senador. Somam o dinheiro gasto no fracasso com o dinheiro gasto na vitória para dizer que o total supera o teto previsto pela legislação.
É francamente ridículo. O que se está fazendo é culpar Sergio Moro porque o Podemos abalroou a sua tentativa de chegar à presidência da República e, de certa forma, porque a Justiça Eleitoral vetou a sua mudança de domicílio para São Paulo.
A realidade é que Sergio Moro teria sido eleito senador pelo Paraná se tivesse passado metade da campanha deitado no sofá maratonando uma série de streaming. Era o ex-juiz da Lava Jato concorrendo pela República de Curitiba. A conversa do PT e do PL só não é mole porque o Brasil está nas mãos de gente que não tem limites.
Se a candidatura de Sergio Moro for mesmo cassada, haverá uma eleição suplementar para o seu cargo. Entre os eventuais candidatos, estão Gleisi Hoffmann, Zeca Dirceu, Roberto Requião e Michelle Bolsonaro. Eu escrevo e parece piada. Rosângela Moro, hoje deputada, poderia concorrer também para a vaga do do marido, mas o PT quer impedi-la de mudar o domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná. Claro.
Ninguém sabe qual será o resultado no TRE do Paraná, mas todo mundo prevê que, quando o caso for para o TSE, o senador sofrerá uma derrota. As cartas estariam tão marcadas que nem haveria jogo.
Desde a ditadura militar, o verbo cassar nunca esteve tão presente no noticiário, seja como possibilidade ou como fato. É um espanto. Cassar uma candidatura ou um mandato significa cassar também —ou principalmente — os votos de milhares de eleitores.
No caso de Sergio Moro, poderão ser cassados mais de 1,9 milhão de votos. No de Deltan Dallagnol, que perdeu o mandato de deputado federal, foram 344 mil. A cassação e a consequente inelegibilidade durante oito anos são parte da caçada aos protagonistas da Lava Jato por inimigos vingativos e inescrupulosos, embora queira se dar ares de legalidade a tal infâmia. É o 1º de abril travestido de Estado de Direito.
Em vídeo também postado no Twitter na mesma data, tio Rei ironizou as 200 páginas do voto do relator dizendo achar curioso que este tenha precisado de tão elevado número de folhas para dizer que Moro é inocente. Jurou não ter nada contra as 200 páginas, mas disse achar difícil que o desembargador consiga provar com elas a inocência do senador por mais que, segundo Reinaldo Azevedo, tenha se "esmerado" em fazer tal em seu voto.
O desembargador Luciano Carrasco Falavinha desmontou na segunda-feira, 1º, as acusações feitas por PL e PT contra a campanha do senador Sergio Moro (União-PR). Uma por uma, caíram no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) pelas mãos do relator do caso as alegações de que o ex-juiz se beneficiou de suas pré-campanhas à Presidência da República e ao Senado por São Paulo para se eleger senador pelo Paraná em 2022. Restou aos advogados de petistas e liberais espernear.
“Foi um voto que, para nós, é bastante equivocado em várias premissas. Eu acho que acaba aceitando muitas desculpas do Moro para apagar o caminhão de dinheiro que injetou na sua pré-campanha”, disse Luiz Eduardo Peccinin (foto), advogado do PT, à Folha de S.Paulo
Já Bruno Cristaldi, advogado do PL, disse que “o voto do relator foi bastante complacente num ponto muito delicado, onde (sic) ele desconsiderou os gastos de uma campanha presidencial como se fossem gastos que pudessem ser não computados por um abuso de poder econômico”.
Precedente
Para Cristaldi, que representa ação apresentada pelo ex-deputado Paulo Martins (PL), derrotado por Moro em 2022, a interpretação do relator do caso “abre um precedente perigosíssimo de pessoas se candidatarem para um cargo com teto de campanha muito maior, sabendo que podem fazer um gasto que não vai ser computado por uma campanha seguinte”.
Curiosamente, Falavinha argumentou que o perigo seria considerar o contrário, pois o gasto de qualquer pré-campanha majoritária malsucedida inviabilizaria a disputa por outros cargos por esse mesmo candidato na eleição.
O desembargador disse que as ações que questionam a eleição de Moro não demonstraram intenção deliberada e declarada do ex-juiz de concorrer ao Senado no estado do Paraná desde o início de sua pré-campanha ao Palácio do Planalto — o que seria necessário para comprovar o abuso de poder econômico.
Falavinha destacou também que foi uma ação do próprio PT contra mudança de domicílio eleitoral que inviabilizou a candidatura de Moro ao Senado por São Paulo.
Segue o jogo
O julgamento foi interrompido por pedido de vista do desembargador José Rodrigo Sade e segue na quarta-feira, 3. Independente do resultado no TRE-PR, a questão deve ir parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o lado derrotado apresentar recurso. Cabe ao TSE a palavra final sobre o caso.
Marque a opção: Bolsonaro mentiu a Moro; não manda no PL; as 2 coisas
Na geleia geral brasileira, cujos ingredientes principais são o oportunismo e a desonestidade, PL e PT se juntaram para cassar o mandato de Sergio Moro.
Depois da sua vitória no TRE do Paraná, por 5 a 2, o senador dava como certo que o PL não recorreria da decisão ao TSE. Era o que Jair Bolsonaro lhe havia dito: que, se Sergio Moro escapasse da degola na primeira instância, o seu partido jogaria a toalha.
Como Valdemar Costa Neto, cacique do PL, já havia decidido que o partido recorreria, restam três alternativas: a) Jair Bolsonaro mentiu a Sergio Moro; b) Jair Bolsonaro não manda nada no partido que o abriga; c) as duas alternativas anteriores não são excludentes e estão corretas.
Eu fico com a alternativa c. Oscila entre a candidez e o cinismo, a desculpa que Jair Bolsonaro faz circular sobre o recurso do PL: é que ele e Valdemar Costa Neto não podem se comunicar por ordem do ministro Alexandre de Moraes — e, por causa desse entrave, foi impossível conversar mais detidamente sobre o assunto com o chefão do partido.
Segundo a jornalista Bela Megale, a justificativa de Valdemar Costa Neto para continuar com a ação é que, “como houve uso de dinheiro público do PL, é obrigatório que o partido siga até o fim com a ação”.
É notória a preocupação de Valdemar Costa Neto com o uso legal de dinheiro público. Recorrer ao TSE para cassar Sergio Moro não tem nadica a ver com o seu propósito de eleger um nome do PL, Paulo Martins, para o lugar do ex-juiz da Lava Jato.
Paulo Martins foi o segundo colocado na eleição de 2022 e, se vier a se candidatar para a vaga aberta com a eventual cassação de Sergio Moro, teria o apoio do governador Ratinho Jr., cujo governo tem altíssimos níveis de aprovação, e do próprio Jair Bolsonaro, evidentemente.
Há outro aspecto no qual Valdemar Costa Neto não está nem um pouco interessado, que é o de agradar ao STF, no qual está enrolado até o pescoço. Mas de que estou falando? Como todo mundo sabe, Sergio Moro tem amigos queridos no Supremo: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Alexandre de Moraes. Nenhum deles gostaria de vê-lo fora do Senado e com os direitos políticos suspensos por oito anos.
Jair Bolsonaro mentiu para Sergio Moro, não manda nada no PL e quer ver o ex-juiz da Lava Jato cassado, ao contrário do que diz ao próprio. Talvez isso facilite também a sua vida no STF e Sergio Moro não é um nome confiável para o bolsonarismo, apesar da reaproximação durante a última campanha eleitoral. A geleia é geral e tem um gosto muito ruim.
Para quem esquece com facilidade e rapidez um instante importante de minha interrompida passagem pelo Roda Viva. Não atino a causa do veto. Nem me importa saber.
Um excelente artigo do jornalista Carlos Alberto Sardenberg.
Uma ótima leitura.
O CRIME É GLOBAL
Nos EUA, a Trafigura confessa suborno, pede desculpas e paga multa. Por aqui, grandes empresas ‘desconfessam’ e ganham cancelamento de multas
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Sigurd Bengtsson, ainda tentou: não estamos julgando a Lava-Jato, disse na abertura do processo de cassação de Sergio Moro. Se é assim, o relator do caso, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, concluiu, em longo e detalhado voto, que as denúncias de abuso de poder econômico eleitoral, fato determinado, estão muito perto do ridículo. Absolveu Moro, mantendo, pois, o mandato de um senador eleito por quase 2 milhões de votos.O segundo desembargador a votar, José Rodrigo Sade, recém-empossado e indicado por Lula, aceitou as denúncias apresentadas pelo PL de Bolsonaro e pelo PT de Lula e condenou Moro. Entendeu que o senador gastou dinheiro de maneira irregular em suas campanhas e pré-campanhas.Fora do ambiente estrito dos tribunais, todo mundo sabe que o caso é de vingança. O que, além disso, poderia unir bolsonaristas e petistas? Algum princípio político? Ético? Uma tese jurídica defendida ao mesmo tempo pelo advogado Guilherme Ruiz Neto, representando o PL, e pelo grupo petista Prerrogativas?Corrupção: Trafigura se declara culpada por suborno no Brasil e pagará multa de US$ 127 milhões nos EUA
Se a coisa tem, sim, a ver com a vingança contra a Lava-Jato — da parte do PT —, o momento deu ruim. Justo nestes dias, uma empresa de Cingapura, a Trafigura, informou ter feito acordo com o Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA, pelo qual pagará multa de US$ 127 milhões por confessar a prática de suborno. Mais exatamente: “Por mais de uma década, a Trafigura subornou autoridades brasileiras para obter negócios ilegalmente e obter mais de US$ 61 milhões em lucros”, como explicou Nicole Argentieri, chefe da divisão criminal do DOJ.Suborno refere-se a negócios com a Petrobras. Que década? De 2003, governo Lula, a 2014, administração Dilma. Foi a Lava-Jato que desvendou a história — assim como apanhou também concorrentes da Trafigura, como as companhias Vitol Group e Glencore, que já haviam admitido o pagamento de subornos no Brasil, também para encerrar investigações de corrupção lá fora.
Pode parecer que estamos nos desviando do caso do TRE de Curitiba, mas é bem o contrário. Para desqualificar inteiramente a Lava-Jato e colocar na cadeia seus condutores, seria preciso demonstrar que não houve corrupção alguma. Nem nos tribunais nem nas instituições políticas brasileiras foi possível fazer isso. O que levou ao expediente de anular processos, por artimanhas formais, eliminada qualquer possibilidade de chegar a alguma sentença, de condenação ou absolvição.
Acusar Moro de abuso econômico é uma dessas jogadas. Assim como ocorreu na cassação de Deltan Dallagnol pelo TSE. Ele foi considerado inelegível por ter renunciado ao cargo de procurador não para se candidatar a deputado federal (e se eleger), mas para fugir a um possível (talvez, quem sabe...) processo futuro de má conduta na Lava-Jato. Acusam Moro e Dallagnol de formar uma “organização criminosa”, mas tratam de afastá-los da política por suposições mal fundadas. Dois prejuízos para o país: primeiro, não se faz uma ampla e imparcial análise da Lava-Jato; segundo, não se discute o peso da corrupção na economia brasileira.Enquanto nossos tribunais se afundam nessas manobras, vem o DOJ dos Estados Unidos com um fato: a Trafigura confessa suborno, pede desculpa e paga multa. Por aqui, grandes empresas “desconfessam” e ganham o cancelamento do pagamento de multas.Seria isso uma reação nacionalista ao imperialismo americano?Parece absurdo, é absurdo, mas vira e mexe o presidente Lula e o PT dizem que a “suposta” corrupção na Petrobras foi uma conspiração dos Estados Unidos para liquidar empreiteiras brasileiras. A prova seria a ação do DOJ. Ora, o DOJ age porque o mercado de commodities — petróleo, no caso — é global e afeta diversos países e acionistas do mundo todo. A corrupção na Petrobras ou na estatal da Costa do Marfim é um fato global.Vai daí que um governo local pode tentar esconder ou mudar a narrativa, mas não apaga a história global. E real. Talvez por isso também falem tão mal da globalização.
Claudio Dantas (@claudioedantas) no Twitter em 09/04/24:
O julgamento do TRE-PR é pedagógico. Os 2 votos pela cessação do 'juiz parcial' são dos desembargadores eleitorais indicados por Lula. Super imparciais!!! É urgente revisar esse modelo de indicações. A justiça eleitoral não pode ser instrumento da guerra política.
"Não é possível somar as despesas das pré-campanhas para concluir o abuso", argumentou o desembargador
Relator dos dois processos que pedem a cassação do mandato de senador de Sergio Moro (União-PR), o desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza apresentou nesta segunda-feira, 1º, seu parecer contra a cassação do mandato do senador Sergio Moro (União-PR).
Na sequência, o desembargador José Rodrigo Sade pediu vista, que encerrou a sessão desta segunda. O julgamento deverá ser concluído até a próxima terça-feira, 9.
Em seu voto nesta segunda, Falavinha Souza mencionou trechos de obra de Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), e de Lênio Streck, do Prerrogativas, detratores de Sergio Moro, para concluir que as iniciais da acusação contra o senador precisariam comprovar três situações que, nos processos apresentados, não foram comprovadas. E desmontou as alegações minuciosamente.
Ao votar contra a cassação do mandato de senador do ex-juiz Sergio Moro, o relator da ação do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Luciano Carrasco Falavinha Souza, entendeu “que há razões bastantes para não computar” na pré-campanha as despesas partidárias com segurança.
“Efetivamente, é fato público e notório que o investigado Sergio Moro e sua família já eram alvos de ameaças de facções violentas, como o PCC”, afirmou Luciano no voto, citando, em sua versão escrita, duas matérias de imprensa sobre o plano de sequestro e eventual assassinato de integrantes da família do então pré-candidato.
Foi justamente para fornecimento de serviços de segurança ao longo de 2021 e 2022, período que compreendia essa “janela de oportunidade interessante para os criminosos” do PCC, que a empresa PLEG SEG ASSESSORIA LTDA, sediada em São Paulo, foi contratada pelo Podemos, partido pelo qual Moro lançou pré-candidatura à presidência, antes de buscar a vaga no Senado pela União Brasil por SP e, depois, pelo Paraná.
No processo para cassar o mandato de senador de Sergio Moro fica claro que, para parte da sociedade, a vingança já substituiu a justiça. Aqui falo do conceito de justiça. Caso a cassação ocorra, podemos enfiar no balaio a Justiça com “J” maiúsculo, o sistema de justiça no Brasil.
Este processo não pode ser dissociado da bizarra cassação de Deltan Dallagnol. Bolsonaristas e lulistas unidos garantem a todo o país que só uma coisa dá problema a gente poderosa: combater corrupção.
O mais impressionante é como as patotas fãs de político aplaudem com gosto a erosão da democracia e o deboche com o império da lei. Aliás, eu é que me impressiono à toa. De fã-clube de populista não se pode esperar nada decente mesmo.
Ao comentar o processo contra Moro, a maioria se refere à Lava Jato. Na verdade, o fato é que efetivamente se tornaram coisas indissociáveis. Basta alguém reclamar do processo para ser chamado de “viúva da Lava Jato” por algum boçal autoritário. A associação entre as duas coisas existe e é o atestado de que a lei pouco importa para muitos.
PT e PL, juntos e misturados, decidiram pedir a cassação de Moro por uma questão interessantíssima. Ele foi pré-candidato à presidência, com todos os gastos dentro dos conformes. Mas desistiu da pré-candidatura e virou candidato ao Senado. Os partidos argumentam que a soma dos gastos colocou Moro em vantagem ilegal sobre os demais candidatos a senadores
Estamos em pré-campanha municipal. Milhares de pessoas são pré-candidatas a prefeito no país. Centenas delas desistirão da candidatura para se juntar à base de um candidato mais forte na cidade. Depois, serão lançadas a vereadoras. Serão todas cassadas? Quem se lançou pré-candidato a governador nas últimas eleições e acabou saindo senador será cassado? Quem foi pré-candidato a governo ou senado e acabou saindo para deputado será cassado?
Se a resposta para qualquer uma dessas perguntas for não, significa que o julgamento só vale para Sergio Moro. Significa também que pouco importa o que se faz, importa quem faz. Nesse contexto, a vingança de petistas e bolsonaristas contra a Lava Jato vale mais que a lei. E tem quem aplauda. Não é à toa que o Brasil está como está
O elemento mais perverso da ação contra Moro, rebatido pelo relator
Ao votar contra a cassação do mandato de senador do ex-juiz Sergio Moro (foto), o relator da ação do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Luciano Carrasco Falavinha Souza, entendeu “que há razões bastantes para não computar” na pré-campanha as despesas partidárias com segurança.
“Efetivamente, é fato público e notório que o investigado Sergio Moro e sua família já eram alvos de ameaças de facções violentas, como o PCC”, afirmou Luciano no voto, citando, em sua versão escrita de 231 páginas, duas matérias de imprensa sobre o plano de sequestro e eventual assassinato de integrantes da família do então pré-candidato.
O relator ainda poderia ter citado, diretamente, o seguinte parágrafo da página 9 do relatório da Polícia Federal tornado público em 23 de março de 2023:
“Após o recebimento dos dados telefônicos e telemáticos verificamos que as ações para a concretização do ataque ao Senador Sergio Moro iniciaram-se, efetivamente, em setembro do ano passado [2022], justamente no período eleitoral, quando o atual Senador era candidato ao cargo ocupado nos dias de hoje. Vale lembrar que Sergio Moro permaneceu com escolta por 180 dias, o que expirou em 24/10/2021, motivo pelo qual ocorreu uma janela de oportunidade interessante para os criminosos.”
“Janela de oportunidade”
Foi justamente para fornecimento de serviços de segurança ao longo de 2021 e 2022, período que compreendia essa “janela de oportunidade interessante para os criminosos” do PCC, que a empresa PLEG SEG ASSESSORIA LTDA, sediada em São Paulo, foi contratada pelo Podemos, partido pelo qual Moro lançou pré-candidatura à presidência, antes de buscar a vaga no Senado pela União Brasil por SP e, depois, pelo Paraná.
“Nesse sentido”, prosseguiu o relator, “é compreensível a necessidade de socorrer-se de serviços de segurança pessoal e escolta armada. Tanto que, após eleito, com o acirramento das ameaças, houve a necessidade de o Senado, por sua Polícia Legislativa, passar a realizar a escolta do agora Senado da República
É evidente que a contratação de segurança pessoal não possui aptidão a fomentar a candidatura e atrair votos; ao revés, pode até mesmo representar obstáculo à aproximação com o eleitorado.”
Para “verificar a existência de propaganda eleitoral subliminar, com propósito eleitoral”, Luciano ainda explicou que “é razoável” considerar “outras circunstâncias, como imagens ou fotografias apresentadas, o número de vezes em que foi veiculada, os meios utilizados, assim como o alcance que estes podem ter”.
Recurso Especial Eleitoral
“Nesse sentido”, ele mencionou um Recurso Especial Eleitoral (Respe) relatado pelo ministro Fernando Neves e retomou o ponto:
“Não há no processo nenhuma[no voto oral, repetiu com ênfase: NENHUMA] prova feita pelos autores de que a contratação de segurança pessoal para uso do investigado Sergio Moro tenha, nem de forma subliminar, proporcionado aumento de prestígio ou aptidão para o cargo, seja de Presidente da República, seja de Senador pelo Paraná. Assim, ainda que individualizáveis em favor do investigado Sergio Moro, estas despesas não possuíam o condão de promover a imagem do então pré-candidato.
Reforçando a desvinculação desse tipo de serviço com o pleito, é de se destacar que, mesmo após o investigado ter sido eleito, ainda persistiram ameaças que, inclusive, tem justificado a realização de serviço similar pela Polícia do Senado, conforme já destacado.
Ademais, a agremiação também pretendia alavancar sua imagem e colher frutos com o capital político da figura pública de interesse nacional que entrava para seu quadro de filiados e, diante de um incontestável cenário de ameaças a tal personalidade, dentro de sua autonomia partidária, decidiu arcar com os ônus – incluindo os financeiros – decorrentes desse ingresso do novo filiado, para assim também atingir seus objetivos partidários (atrair apoio político e novos filiados, por exemplo).”
Sinto uma mistura de sentimentos em relação à Sergio Moro , o desembargador disse tudo , penso o mesmo . Sergio Moro deveria ter ficado quietinho como juiz da lava jato ( repito sempre ) posso estar errada , mas talvez a história teria tido outro fim , mas é Brasil , e Brasil ...
É triste saber que a injustiça prevalecerá no Brasil como vem ocorrendo mas deve se louvar de que há magistrados corretos no judiciário brasileiro como o desembargador Falavinha. São bem poucos, infelizmente.
Como pode um País inteiro assistir bovinamente a inversão completa de uma historia tão óbvia, nítida e escancarada por uma classe politica tão sem credibilidade a séculos? A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla massa. Por isso não é imprensa precisa prosperar.
Nunca achei conveniente a entrada de Sérgio Moro para a política. Não enxergo nele nenhuma capacidade para ir além de deputado ou no máximo Senador. Não votaria nele.
Mas é indiscutível e evidente que querem a cabeça dele para se vingar da sua atuação na Lava Jato.
É a prática do ressentimento, da vingança e da desforra. Publicamente manifestado por Lula de um lado, e nas articulações de bastidor movimentadas por Valdemar.
Toda a decência será castigada.
Sérgio Moro e a equipe que atuou na Lava Jato são o único motivo de orgulho que tenho da desse país.
Também. Acompanhava no "Anta" o Tic Tac do Diogo.
Pelo menos ele mandou a merda no ventilador. Vão cassar sabendo que é retaliação mesmo.. o sinal dado para o judiciário é de que se quiserem uma carreira é muito dinheiro de pagador de impostos no bolso, não investiguem corrupto. Prerrogativas sinaliza que manda no supremo. Supremo ganha com decisão monocrática pro corruptos. Todo mundo sai ganhando, exceto quem paga a conta.
Interessante foi o desembargador citar, inteligentemente, várias referências do livro do garantista de conveniência, Gilmar, para basear o relatório. O bocudo terá que rasgar o que escreveu, o que não seria novidade.
Achei sensacional a ideia também.
A explanação do relator lavou a alma da gente, o homem esmiuçou tudo e, por ironia provavelmente proposital, citou até Gilmar Mendes e o advogado do prerrô p/ embasar seu voto. Sabemos q pouco ou nada vai adiantar, o futuro de Moro já está definido, mas não deixou de ser bom, foi um alento ver q dentro do judiciário ainda existem vozes capazes de dizer e ficar do lado da verdade.
Os detratores de Moro, do petismo ao bolsonarismo, ficaram surpresos e fulos, não esperavam essa vitória parcial de Moro na abertura. Temos 99% de certeza de q vai terminar c/ a cassação de Moro, mas o dia de ontem pelo menos foi bom, pudemos saborear um pouco de justiça verdadeira, pena q tão efêmera.
O Brasil merece ser a mais abjeta e transbordante merda.
Ao menos serve de alento ver alguém defender o Moro e a Lava Jato!
Mentecapto e NaziLula não deixaram esse cara ter paz, um minuto sequer. Ele fez muito pelo Brasil, não é perdoado pelos canalhas exatamente por isso! É óbvio que o julgamento é simples desforra, pelo trabalho dele como juiz!
Eu sinto muito!
O Brasil merece os políticos que tem e o povo também, porque muitos votaram no condenado para se livrar do mentecapto. Muito antes, não se mobilizaram por uma terceira via, preferiram a polarização como se fosse uma partida de futebol . Sequer percebiam o desejo da classe política corrupta e desprezível que possuímos, suas tramas e interesseis ao dar palanque apenas a esses dois . O Brasil merece ser a 💩que é, pela sua história, seus povo e seus governantes .
Colunas
Mario Sabino
Sergio Moro e o 1º de abril travestido de Estado de Direito
Não poderia ser mais emblemática a data do início do julgamento da cassação de Sergio Moro no TRE do Paraná — o 1º de abril, dia da mentira.
PT e PL uniram-se no ineditismo de acusar o senador de abuso de poder econômico na pré-campanha para a presidência da República, quando ele era do Podemos . A candidatura não foi adiante, Sergio Moro foi para a União Brasil, tentou se lançar como deputado federal por São Paulo, a Justiça Eleitoral barrou a mudança de domicílio eleitoral, e ele terminou se candidatando ao Senado pelo seu estado natal.
O partido de Lula e o partido de Jair Bolsonaro afirmam que os gastos e todo o aparato da pré-candidatura ao Planalto foram “desproporcionais” e deram a Sergio Moro uma vantagem decisiva para ser eleito senador. Somam o dinheiro gasto no fracasso com o dinheiro gasto na vitória para dizer que o total supera o teto previsto pela legislação.
É francamente ridículo. O que se está fazendo é culpar Sergio Moro porque o Podemos abalroou a sua tentativa de chegar à presidência da República e, de certa forma, porque a Justiça Eleitoral vetou a sua mudança de domicílio para São Paulo.
A realidade é que Sergio Moro teria sido eleito senador pelo Paraná se tivesse passado metade da campanha deitado no sofá maratonando uma série de streaming. Era o ex-juiz da Lava Jato concorrendo pela República de Curitiba. A conversa do PT e do PL só não é mole porque o Brasil está nas mãos de gente que não tem limites.
Se a candidatura de Sergio Moro for mesmo cassada, haverá uma eleição suplementar para o seu cargo. Entre os eventuais candidatos, estão Gleisi Hoffmann, Zeca Dirceu, Roberto Requião e Michelle Bolsonaro. Eu escrevo e parece piada. Rosângela Moro, hoje deputada, poderia concorrer também para a vaga do do marido, mas o PT quer impedi-la de mudar o domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná. Claro.
Ninguém sabe qual será o resultado no TRE do Paraná, mas todo mundo prevê que, quando o caso for para o TSE, o senador sofrerá uma derrota. As cartas estariam tão marcadas que nem haveria jogo.
Desde a ditadura militar, o verbo cassar nunca esteve tão presente no noticiário, seja como possibilidade ou como fato. É um espanto. Cassar uma candidatura ou um mandato significa cassar também —ou principalmente — os votos de milhares de eleitores.
No caso de Sergio Moro, poderão ser cassados mais de 1,9 milhão de votos. No de Deltan Dallagnol, que perdeu o mandato de deputado federal, foram 344 mil. A cassação e a consequente inelegibilidade durante oito anos são parte da caçada aos protagonistas da Lava Jato por inimigos vingativos e inescrupulosos, embora queira se dar ares de legalidade a tal infâmia. É o 1º de abril travestido de Estado de Direito.
Por sua vez, Reinaldo Azevedo no
Twitter em 01/04/24:
Uau! Relator do caso Moro no TSE,
desembargador Luciano Falavinha
defende Moro com mais entusiasmo
do que... a defesa técnica de Moro.
Raramente vi coisa assim. Não é só
o conteúdo. Também a ênfase
XXXXXX
Em vídeo também postado no Twitter na mesma data, tio Rei ironizou as 200 páginas do voto do relator dizendo achar curioso que este tenha precisado de tão elevado número de folhas para dizer que Moro é inocente. Jurou não ter nada contra as 200 páginas, mas disse achar difícil que o desembargador consiga provar com elas a inocência do senador por mais que, segundo Reinaldo Azevedo, tenha se "esmerado" em fazer tal em seu voto.
Conferir, entre outras coisas, em:
https://twitter.com/reinaldoazevedo/status/1774859147592314926?s=19
Em O Antagonista em 02/04/24:
Os advogados do PT e do PL não gostaram
O desembargador Luciano Carrasco Falavinha desmontou na segunda-feira, 1º, as acusações feitas por PL e PT contra a campanha do senador Sergio Moro (União-PR). Uma por uma, caíram no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) pelas mãos do relator do caso as alegações de que o ex-juiz se beneficiou de suas pré-campanhas à Presidência da República e ao Senado por São Paulo para se eleger senador pelo Paraná em 2022. Restou aos advogados de petistas e liberais espernear.
“Foi um voto que, para nós, é bastante equivocado em várias premissas. Eu acho que acaba aceitando muitas desculpas do Moro para apagar o caminhão de dinheiro que injetou na sua pré-campanha”, disse Luiz Eduardo Peccinin (foto), advogado do PT, à Folha de S.Paulo
Já Bruno Cristaldi, advogado do PL, disse que “o voto do relator foi bastante complacente num ponto muito delicado, onde (sic) ele desconsiderou os gastos de uma campanha presidencial como se fossem gastos que pudessem ser não computados por um abuso de poder econômico”.
Precedente
Para Cristaldi, que representa ação apresentada pelo ex-deputado Paulo Martins (PL), derrotado por Moro em 2022, a interpretação do relator do caso “abre um precedente perigosíssimo de pessoas se candidatarem para um cargo com teto de campanha muito maior, sabendo que podem fazer um gasto que não vai ser computado por uma campanha seguinte”.
Curiosamente, Falavinha argumentou que o perigo seria considerar o contrário, pois o gasto de qualquer pré-campanha majoritária malsucedida inviabilizaria a disputa por outros cargos por esse mesmo candidato na eleição.
O desembargador disse que as ações que questionam a eleição de Moro não demonstraram intenção deliberada e declarada do ex-juiz de concorrer ao Senado no estado do Paraná desde o início de sua pré-campanha ao Palácio do Planalto — o que seria necessário para comprovar o abuso de poder econômico.
Falavinha destacou também que foi uma ação do próprio PT contra mudança de domicílio eleitoral que inviabilizou a candidatura de Moro ao Senado por São Paulo.
Segue o jogo
O julgamento foi interrompido por pedido de vista do desembargador José Rodrigo Sade e segue na quarta-feira, 3. Independente do resultado no TRE-PR, a questão deve ir parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o lado derrotado apresentar recurso. Cabe ao TSE a palavra final sobre o caso.
Mario Sabino em 12/04/24:
Marque a opção: Bolsonaro mentiu a Moro; não manda no PL; as 2 coisas
Na geleia geral brasileira, cujos ingredientes principais são o oportunismo e a desonestidade, PL e PT se juntaram para cassar o mandato de Sergio Moro.
Depois da sua vitória no TRE do Paraná, por 5 a 2, o senador dava como certo que o PL não recorreria da decisão ao TSE. Era o que Jair Bolsonaro lhe havia dito: que, se Sergio Moro escapasse da degola na primeira instância, o seu partido jogaria a toalha.
Como Valdemar Costa Neto, cacique do PL, já havia decidido que o partido recorreria, restam três alternativas: a) Jair Bolsonaro mentiu a Sergio Moro; b) Jair Bolsonaro não manda nada no partido que o abriga; c) as duas alternativas anteriores não são excludentes e estão corretas.
Eu fico com a alternativa c. Oscila entre a candidez e o cinismo, a desculpa que Jair Bolsonaro faz circular sobre o recurso do PL: é que ele e Valdemar Costa Neto não podem se comunicar por ordem do ministro Alexandre de Moraes — e, por causa desse entrave, foi impossível conversar mais detidamente sobre o assunto com o chefão do partido.
Segundo a jornalista Bela Megale, a justificativa de Valdemar Costa Neto para continuar com a ação é que, “como houve uso de dinheiro público do PL, é obrigatório que o partido siga até o fim com a ação”.
É notória a preocupação de Valdemar Costa Neto com o uso legal de dinheiro público. Recorrer ao TSE para cassar Sergio Moro não tem nadica a ver com o seu propósito de eleger um nome do PL, Paulo Martins, para o lugar do ex-juiz da Lava Jato.
Paulo Martins foi o segundo colocado na eleição de 2022 e, se vier a se candidatar para a vaga aberta com a eventual cassação de Sergio Moro, teria o apoio do governador Ratinho Jr., cujo governo tem altíssimos níveis de aprovação, e do próprio Jair Bolsonaro, evidentemente.
Há outro aspecto no qual Valdemar Costa Neto não está nem um pouco interessado, que é o de agradar ao STF, no qual está enrolado até o pescoço. Mas de que estou falando? Como todo mundo sabe, Sergio Moro tem amigos queridos no Supremo: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Alexandre de Moraes. Nenhum deles gostaria de vê-lo fora do Senado e com os direitos políticos suspensos por oito anos.
Jair Bolsonaro mentiu para Sergio Moro, não manda nada no PL e quer ver o ex-juiz da Lava Jato cassado, ao contrário do que diz ao próprio. Talvez isso facilite também a sua vida no STF e Sergio Moro não é um nome confiável para o bolsonarismo, apesar da reaproximação durante a última campanha eleitoral. A geleia é geral e tem um gosto muito ruim.
José Nêumanne Pinto no Twitter em 07/04/24:
Para quem esquece com facilidade e rapidez um instante importante de minha interrompida passagem pelo Roda Viva. Não atino a causa do veto. Nem me importa saber.
https://twitter.com/jose_neumanne/status/1776649407120785644?s=19
Roberto Freire no Twitter em 07/04/24:
Um excelente artigo do jornalista Carlos Alberto Sardenberg.
Uma ótima leitura.
O CRIME É GLOBAL
Nos EUA, a Trafigura confessa suborno, pede desculpas e paga multa. Por aqui, grandes empresas ‘desconfessam’ e ganham cancelamento de multas
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Sigurd Bengtsson, ainda tentou: não estamos julgando a Lava-Jato, disse na abertura do processo de cassação de Sergio Moro. Se é assim, o relator do caso, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, concluiu, em longo e detalhado voto, que as denúncias de abuso de poder econômico eleitoral, fato determinado, estão muito perto do ridículo. Absolveu Moro, mantendo, pois, o mandato de um senador eleito por quase 2 milhões de votos.O segundo desembargador a votar, José Rodrigo Sade, recém-empossado e indicado por Lula, aceitou as denúncias apresentadas pelo PL de Bolsonaro e pelo PT de Lula e condenou Moro. Entendeu que o senador gastou dinheiro de maneira irregular em suas campanhas e pré-campanhas.Fora do ambiente estrito dos tribunais, todo mundo sabe que o caso é de vingança. O que, além disso, poderia unir bolsonaristas e petistas? Algum princípio político? Ético? Uma tese jurídica defendida ao mesmo tempo pelo advogado Guilherme Ruiz Neto, representando o PL, e pelo grupo petista Prerrogativas?Corrupção: Trafigura se declara culpada por suborno no Brasil e pagará multa de US$ 127 milhões nos EUA
Se a coisa tem, sim, a ver com a vingança contra a Lava-Jato — da parte do PT —, o momento deu ruim. Justo nestes dias, uma empresa de Cingapura, a Trafigura, informou ter feito acordo com o Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA, pelo qual pagará multa de US$ 127 milhões por confessar a prática de suborno. Mais exatamente: “Por mais de uma década, a Trafigura subornou autoridades brasileiras para obter negócios ilegalmente e obter mais de US$ 61 milhões em lucros”, como explicou Nicole Argentieri, chefe da divisão criminal do DOJ.Suborno refere-se a negócios com a Petrobras. Que década? De 2003, governo Lula, a 2014, administração Dilma. Foi a Lava-Jato que desvendou a história — assim como apanhou também concorrentes da Trafigura, como as companhias Vitol Group e Glencore, que já haviam admitido o pagamento de subornos no Brasil, também para encerrar investigações de corrupção lá fora.
Pode parecer que estamos nos desviando do caso do TRE de Curitiba, mas é bem o contrário. Para desqualificar inteiramente a Lava-Jato e colocar na cadeia seus condutores, seria preciso demonstrar que não houve corrupção alguma. Nem nos tribunais nem nas instituições políticas brasileiras foi possível fazer isso. O que levou ao expediente de anular processos, por artimanhas formais, eliminada qualquer possibilidade de chegar a alguma sentença, de condenação ou absolvição.
Acusar Moro de abuso econômico é uma dessas jogadas. Assim como ocorreu na cassação de Deltan Dallagnol pelo TSE. Ele foi considerado inelegível por ter renunciado ao cargo de procurador não para se candidatar a deputado federal (e se eleger), mas para fugir a um possível (talvez, quem sabe...) processo futuro de má conduta na Lava-Jato. Acusam Moro e Dallagnol de formar uma “organização criminosa”, mas tratam de afastá-los da política por suposições mal fundadas. Dois prejuízos para o país: primeiro, não se faz uma ampla e imparcial análise da Lava-Jato; segundo, não se discute o peso da corrupção na economia brasileira.Enquanto nossos tribunais se afundam nessas manobras, vem o DOJ dos Estados Unidos com um fato: a Trafigura confessa suborno, pede desculpa e paga multa. Por aqui, grandes empresas “desconfessam” e ganham o cancelamento do pagamento de multas.Seria isso uma reação nacionalista ao imperialismo americano?Parece absurdo, é absurdo, mas vira e mexe o presidente Lula e o PT dizem que a “suposta” corrupção na Petrobras foi uma conspiração dos Estados Unidos para liquidar empreiteiras brasileiras. A prova seria a ação do DOJ. Ora, o DOJ age porque o mercado de commodities — petróleo, no caso — é global e afeta diversos países e acionistas do mundo todo. A corrupção na Petrobras ou na estatal da Costa do Marfim é um fato global.Vai daí que um governo local pode tentar esconder ou mudar a narrativa, mas não apaga a história global. E real. Talvez por isso também falem tão mal da globalização.
Felipe Moura Brasil (@FMouraBrasil) no Twitter em 09/04/24:
Todas as narrativas contra o mandato de Moro, lavadas nas TVs amigas, foram demolidas tecnicamente por 5 desembargadores do TRE-PR.
Como ficam os porta-vozes do sistema só com 2 indicados por Lula votando por cassação? Esperando o aliado Moraes articular decisão política no TSE?
Claudio Dantas (@claudioedantas) no Twitter em 09/04/24:
O julgamento do TRE-PR é pedagógico. Os 2 votos pela cessação do 'juiz parcial' são dos desembargadores eleitorais indicados por Lula. Super imparciais!!! É urgente revisar esse modelo de indicações. A justiça eleitoral não pode ser instrumento da guerra política.
Em O Antagonista em 01.04.2024
Relator do caso Moro reduziu acusação a pó
"Não é possível somar as despesas das pré-campanhas para concluir o abuso", argumentou o desembargador
Relator dos dois processos que pedem a cassação do mandato de senador de Sergio Moro (União-PR), o desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza apresentou nesta segunda-feira, 1º, seu parecer contra a cassação do mandato do senador Sergio Moro (União-PR).
Na sequência, o desembargador José Rodrigo Sade pediu vista, que encerrou a sessão desta segunda. O julgamento deverá ser concluído até a próxima terça-feira, 9.
Em seu voto nesta segunda, Falavinha Souza mencionou trechos de obra de Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), e de Lênio Streck, do Prerrogativas, detratores de Sergio Moro, para concluir que as iniciais da acusação contra o senador precisariam comprovar três situações que, nos processos apresentados, não foram comprovadas. E desmontou as alegações minuciosamente.
Felipe Moura Brasil comenta em:
https://youtu.be/TK1jq8eMOLI?si=kDKO3xMuv8ult3Zt
Em O Antagonista em 02/04/24:
PT e PL contra a segurança de Moro
Ao votar contra a cassação do mandato de senador do ex-juiz Sergio Moro, o relator da ação do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Luciano Carrasco Falavinha Souza, entendeu “que há razões bastantes para não computar” na pré-campanha as despesas partidárias com segurança.
“Efetivamente, é fato público e notório que o investigado Sergio Moro e sua família já eram alvos de ameaças de facções violentas, como o PCC”, afirmou Luciano no voto, citando, em sua versão escrita, duas matérias de imprensa sobre o plano de sequestro e eventual assassinato de integrantes da família do então pré-candidato.
Foi justamente para fornecimento de serviços de segurança ao longo de 2021 e 2022, período que compreendia essa “janela de oportunidade interessante para os criminosos” do PCC, que a empresa PLEG SEG ASSESSORIA LTDA, sediada em São Paulo, foi contratada pelo Podemos, partido pelo qual Moro lançou pré-candidatura à presidência, antes de buscar a vaga no Senado pela União Brasil por SP e, depois, pelo Paraná.
Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:
https://youtu.be/eCOG9bDAgEA?si=DqWW74j6UNkEp2u0
Em O Antagonista em 02/04/24:
A vingança contra Moro vale mais que a justiça
No processo para cassar o mandato de senador de Sergio Moro fica claro que, para parte da sociedade, a vingança já substituiu a justiça. Aqui falo do conceito de justiça. Caso a cassação ocorra, podemos enfiar no balaio a Justiça com “J” maiúsculo, o sistema de justiça no Brasil.
Este processo não pode ser dissociado da bizarra cassação de Deltan Dallagnol. Bolsonaristas e lulistas unidos garantem a todo o país que só uma coisa dá problema a gente poderosa: combater corrupção.
O mais impressionante é como as patotas fãs de político aplaudem com gosto a erosão da democracia e o deboche com o império da lei. Aliás, eu é que me impressiono à toa. De fã-clube de populista não se pode esperar nada decente mesmo.
Ao comentar o processo contra Moro, a maioria se refere à Lava Jato. Na verdade, o fato é que efetivamente se tornaram coisas indissociáveis. Basta alguém reclamar do processo para ser chamado de “viúva da Lava Jato” por algum boçal autoritário. A associação entre as duas coisas existe e é o atestado de que a lei pouco importa para muitos.
PT e PL, juntos e misturados, decidiram pedir a cassação de Moro por uma questão interessantíssima. Ele foi pré-candidato à presidência, com todos os gastos dentro dos conformes. Mas desistiu da pré-candidatura e virou candidato ao Senado. Os partidos argumentam que a soma dos gastos colocou Moro em vantagem ilegal sobre os demais candidatos a senadores
Estamos em pré-campanha municipal. Milhares de pessoas são pré-candidatas a prefeito no país. Centenas delas desistirão da candidatura para se juntar à base de um candidato mais forte na cidade. Depois, serão lançadas a vereadoras. Serão todas cassadas? Quem se lançou pré-candidato a governador nas últimas eleições e acabou saindo senador será cassado? Quem foi pré-candidato a governo ou senado e acabou saindo para deputado será cassado?
Se a resposta para qualquer uma dessas perguntas for não, significa que o julgamento só vale para Sergio Moro. Significa também que pouco importa o que se faz, importa quem faz. Nesse contexto, a vingança de petistas e bolsonaristas contra a Lava Jato vale mais que a lei. E tem quem aplauda. Não é à toa que o Brasil está como está
Em O Antagonista em 02/04/24:
O elemento mais perverso da ação contra Moro, rebatido pelo relator
Ao votar contra a cassação do mandato de senador do ex-juiz Sergio Moro (foto), o relator da ação do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Luciano Carrasco Falavinha Souza, entendeu “que há razões bastantes para não computar” na pré-campanha as despesas partidárias com segurança.
“Efetivamente, é fato público e notório que o investigado Sergio Moro e sua família já eram alvos de ameaças de facções violentas, como o PCC”, afirmou Luciano no voto, citando, em sua versão escrita de 231 páginas, duas matérias de imprensa sobre o plano de sequestro e eventual assassinato de integrantes da família do então pré-candidato.
O relator ainda poderia ter citado, diretamente, o seguinte parágrafo da página 9 do relatório da Polícia Federal tornado público em 23 de março de 2023:
“Após o recebimento dos dados telefônicos e telemáticos verificamos que as ações para a concretização do ataque ao Senador Sergio Moro iniciaram-se, efetivamente, em setembro do ano passado [2022], justamente no período eleitoral, quando o atual Senador era candidato ao cargo ocupado nos dias de hoje. Vale lembrar que Sergio Moro permaneceu com escolta por 180 dias, o que expirou em 24/10/2021, motivo pelo qual ocorreu uma janela de oportunidade interessante para os criminosos.”
“Janela de oportunidade”
Foi justamente para fornecimento de serviços de segurança ao longo de 2021 e 2022, período que compreendia essa “janela de oportunidade interessante para os criminosos” do PCC, que a empresa PLEG SEG ASSESSORIA LTDA, sediada em São Paulo, foi contratada pelo Podemos, partido pelo qual Moro lançou pré-candidatura à presidência, antes de buscar a vaga no Senado pela União Brasil por SP e, depois, pelo Paraná.
“Nesse sentido”, prosseguiu o relator, “é compreensível a necessidade de socorrer-se de serviços de segurança pessoal e escolta armada. Tanto que, após eleito, com o acirramento das ameaças, houve a necessidade de o Senado, por sua Polícia Legislativa, passar a realizar a escolta do agora Senado da República
É evidente que a contratação de segurança pessoal não possui aptidão a fomentar a candidatura e atrair votos; ao revés, pode até mesmo representar obstáculo à aproximação com o eleitorado.”
Para “verificar a existência de propaganda eleitoral subliminar, com propósito eleitoral”, Luciano ainda explicou que “é razoável” considerar “outras circunstâncias, como imagens ou fotografias apresentadas, o número de vezes em que foi veiculada, os meios utilizados, assim como o alcance que estes podem ter”.
Recurso Especial Eleitoral
“Nesse sentido”, ele mencionou um Recurso Especial Eleitoral (Respe) relatado pelo ministro Fernando Neves e retomou o ponto:
“Não há no processo nenhuma[no voto oral, repetiu com ênfase: NENHUMA] prova feita pelos autores de que a contratação de segurança pessoal para uso do investigado Sergio Moro tenha, nem de forma subliminar, proporcionado aumento de prestígio ou aptidão para o cargo, seja de Presidente da República, seja de Senador pelo Paraná. Assim, ainda que individualizáveis em favor do investigado Sergio Moro, estas despesas não possuíam o condão de promover a imagem do então pré-candidato.
Reforçando a desvinculação desse tipo de serviço com o pleito, é de se destacar que, mesmo após o investigado ter sido eleito, ainda persistiram ameaças que, inclusive, tem justificado a realização de serviço similar pela Polícia do Senado, conforme já destacado.
Ademais, a agremiação também pretendia alavancar sua imagem e colher frutos com o capital político da figura pública de interesse nacional que entrava para seu quadro de filiados e, diante de um incontestável cenário de ameaças a tal personalidade, dentro de sua autonomia partidária, decidiu arcar com os ônus – incluindo os financeiros – decorrentes desse ingresso do novo filiado, para assim também atingir seus objetivos partidários (atrair apoio político e novos filiados, por exemplo).”
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Quero ver esse vendido conseguir rebater ponto a ponto do voto.
Sinto uma mistura de sentimentos em relação à Sergio Moro , o desembargador disse tudo , penso o mesmo . Sergio Moro deveria ter ficado quietinho como juiz da lava jato ( repito sempre ) posso estar errada , mas talvez a história teria tido outro fim , mas é Brasil , e Brasil ...
Concordo com você Fernanda!
Como faz bem, ouvir argumentos e análise dos fatos, como deve ser feito , em um julgamento sério.
Os togados de Brasília, não devem ter dormido a noite, de raiva .
corja de lixo, vagabundos e a impresa safada fazendo cara de paisagem.
Depois do Deltan O Moro, inaceitavel.
É triste saber que a injustiça prevalecerá no Brasil como vem ocorrendo mas deve se louvar de que há magistrados corretos no judiciário brasileiro como o desembargador Falavinha. São bem poucos, infelizmente.
Como pode um País inteiro assistir bovinamente a inversão completa de uma historia tão óbvia, nítida e escancarada por uma classe politica tão sem credibilidade a séculos? A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla massa. Por isso não é imprensa precisa prosperar.
Nunca achei conveniente a entrada de Sérgio Moro para a política. Não enxergo nele nenhuma capacidade para ir além de deputado ou no máximo Senador. Não votaria nele.
Mas é indiscutível e evidente que querem a cabeça dele para se vingar da sua atuação na Lava Jato.
Boa Diogo