Domingo é um dia ruim para os estagiários do NEIM. Sempre chegamos entusiasmados, na esperança de que aconteça algo incrivelmente positivo. No meio do dia chega a frustração.
O Brasil está se tornando cada vez mais monótono.
A política brasileira é um círculo vicioso. Esse caso da taxação das compras em sites chineses é um belo exemplo do que nos tornamos.
Ninguém quer assumir a responsabilidade pela pauta impopular. Numa época de crise econômica, vamos ser privados de comprar umas bugigangas para nos deixar um pouco mais alegres. É mais ou menos como se, na época do descobrimento, os portugueses se negassem a dar para os índios espelhos e pentes de ossos de baleia, para encaminhá-los para uma loja da Havan ou Magazine Luiza.
Só aqui no NEIM a gente dá o nome aos bois.
A imprensa não quer por em risco a publicidade mensal informando que todos os varejistas apoiaram o lobby do velho da Havan. A dona Luisa, o seu Riachuelo, o homem da Renner e mais alguns que não lembramos.
O jornalismo bolsonarista não quer perder o público engajado noticiando que os escravos do mentecapto articularam, junto com os petistas, a proibição das compras em sites chineses.
E o Felipe Neto… bem, vocês sabem o que ele faz.
Os políticos não querem aparecer. Por isso fizeram um acordão de gabinete – que o deputado do dólar na cueca fez questão de anunciar no microfone da Câmara.
A única coisa incrivelmente positiva neste domingo no Brasil é o NEIM. Além de expor essas picaretagens todas e dar a oportunidade de você mandar o dedo do meio para toda essa gentalha que atrasa o país, só o assinante do NEIM pode terminar o dia se refestelando numa confortável poltrona e ler essas maravilhas culturais listadas abaixo, que só o NEIM pode trazer para você.
É isso. O NEIM vale o dia. Qualquer dia.
Ôpa! É o que nós resta... E, além dos citados (que, diga-se, não conheço, por isso não posso endossar), há os eternos: nosso Machado, Dostoievski, Shakespeare, Proust, Kafka, Beckett, Melville, Faulkner, e, last but not leste, "meu tio argentino" (quem me deram...) Jorge Luis Borges (entre outros, claro!) Pará nos salvar das chamas do inferno da pobreza moral, intelectual e cultural em que vivemos. (E, cruz credo, do Luciano Huck, que o povo aqui em casa assiste, sem olhar pra tela, mexendo no celular...)