Excelente relato, didaticamente elecando causas, separando os efeitos, e com óbvio conhecimento de insider. Viveu na pele.
Por diversas ocasiões tive a oportunidade de conversar com o Pedro que fazia questão de circular pela loja, hábito cultivado desde o primeiro período ainda de 'pés no chão'. Já na fase ulterior megalomaníaca de grandeza e orientada pela vaidade - evidentemente influenciada pelos filhos -, sua presença era rara..
Em paralelo também acompanhava a Livraria da Vila, um experimento exitoso em que a boa cabeça de administrador sempre foi um norte presente, apesar do continuado sucesso.
Triste e melancólico fim. Solidariedade com os que sofreram no moedor de carne. RIP Pedro.
É bom ouvir essas histórias. Fazer uma empresa crescer, passar por gerações não é fácil, o erro é certo, saber lidar com eles é o diferencial. E no final o empreendedor é sempre o vilão. Muito obrigado a todos que construíram essa história da Livraria Cultura e apesar de tudo até a família Herz.
A loja da Paulista ainda existe, mas nunca mais entrei. É uma empresa falida, inadimplente com fornecedores e ex-funcionários e que insiste em "funcionar" pendurada em decisões liminares e na nossa secular insegurança jurídica. É preciso ter dignidade na morte e vergonha na cara para quitar seus débitos.
Me lembro da época em que a Livraria Cultura parecia um paraíso,em especial para pessoas como eu que não moravam em São Paulo e batiam ponto lá sempre que estava na cidade.
Inumeras formas de entender e analisar o seu texto, ou melhor, o que levou ao ápice e à derrocada da Cultura. Como administrador de empresas formado pela melhor escola de 50 anos atrás, li com o interesse de entender os processos que levaram à trajetória descrita, e o que conclui é que sem o entendimento de qual o real propósito da empresa e portanto qual benefício ela proporciona a seus clientes, é uma questão de tempo a derrocada. Alie-se a isso a falta de entendimento do que seja um equipe e a incapacidade de liderar dos dirigentes,, tem–se a pá de cal ne empresa. Erros estratégicos são comuns em empresas, o próprio Bezos estimula o erro como única forma de evoluir, porém a arrogância e geral impede que se aprendam com eles.
Obrigada por um delicioso e sofrido texto que nos faz a todos pensar.
Nunca tive amizade com qualquer vendedor da Cultura, mas conhecia alguns deles. Gostava de ir lá e sentar e folear livros aleatórios. Certo dia um senhor estava lá, falando mal demais dos funcionários, uma vergonha. Um dos vendedores que eu conhecia passou por mim e eu falei,
"Tem certos clientes que não deveriam nem por o pé aqui..."
"O problema é quando não é cliente. Problema é quando é o dono..." o vendedor respondeu.
Desde então passei a não mais comprar na Cultura.
Quando vi as imagens do Pedro Herz entre os elogios, achei estar errado. Mas não estava. Como de costume, estou certo.
"Batismo de fogo" ou "a vida como ela é" desde que o mundo é mundo.
"Linguajar chulo no círculo familiar" X tentativa de emplacar fora de casa imagem de "livreiro preocupado com a disseminação do livro e da leitura" entre os índios.
Como já dito nesta "zona de interesse", Deus está nos detalhes. E eles, como sempre, dizem tudo.
"Indícios de fraudes". É proibido qualquer um ficar surpreso
"A maioria dos candidatos estava ali por um único motivo: precisava de um emprego" - sempre o melhor dos motivos pra qualquer coisa na vida
"Clientes problemáticos eram inúmeros. A maioria era nada sofisticada e muitas vezes grosseira"
Se os "velhos conhecidos da casa" como os colunistas da Folha de São Paulo, professores da USP e as Djamila, Conceição Evaristo e Lilia Schwarcz da vida não acertam na sofisticação, imagine a bugrada trotando em shopping?
A verdade é que a "própria equipe que comandava a loja pouco se importava com o que acontecia" fora dela na "vida pessoal do vendedor".
!
A "Livraria" era palco de "seleção natural": tinha a turma dos puxa saco que obtinha regalias e aquela "só preocupada em pagar suas contas no fim do mês".
Como se vê, a natureza nunca foi uma mãe. Está muito mais pra madastra mesmo.
A derrocada dos Herz se dá quando menosprezam aquilo que teria feito com que tivessem aberto uma portinha: "o amor pelos livros"
Tanto era assim que, na ansiedade por disseminar o amor pela leitura entre os botocudos, Sergio Herz era só aflição nas "festas da firma" com seus fortes incentivos aos vendedores para que fizessem a bugrada também amar os livros: seus "bostas, seus merdas imprestáveis, vocês vão ser substituídos e não vão conseguir mais trabalhar em lugar algum porque eu vou queimá-los no mercado" pela incapacidade de vocês em fazer as pessoas também amarem os livros como minha família sempre amou.
Comprar livro no exterior virou um problema. Qualquer compra de 30 dólares fica parada na alfândega. Obrigado, professor @Haddad_Fernando pelo zelo com a cultura.
Martim , excelente texto. Sou do tempo que o catálogo era completo. Uma vez fui à Saraiva procurar um livro e constatei que o vendedor procurou o livro no site da Cultura
Parei agora pra ler tudo, excelente relato! Eu já trabalhei em um grande grupo de varejo e entendo perfeitamente como tudo parece lindo pra quem é de fora mas um terror para os funcionários. Apesar da Cultura sempre ter sido mais forte em SP, eu gostava da de Salvador. Normalmente no almoço eu parava lá para relaxar e ler algum livro. A "atmosfera" do local era muito boa e comprei muitos livros. Acompanhei o declínio da loja como a falta de itens, corte do espaço pela metade até que fechou de vez. Por aqui com o fim da Cultura e da Saraiva restou a Livraria Leitura mas não consigo me sentir a vontade como era na Cultura.
Que bacana, Martim! O relato ficou incrível! Nunca imaginei que a história foi assim (que pena...). Deu uma vontade danada de pegar minhas pequenas e ir pra uma livraria!
Martim - Philip Roth, William Faulkner, Saul Bellow - todos apresentados por você, e muitos outros, em várias tardes de longos diálogos. Fique com o agradecimento eterno. Abraços, Roberto Machado
Muito interessante ver que o trabalho de livreiro é realmente algo muito especial. Meu primeiro emprego, muitos verões atrás foi na Livraria Siciliano, na loja de Santana. Comecei varrendo a loja e cuidando da banca de revistas e logo fui promovido… mas eu já via a grande diferença entre os que, como eu e o Martim, amávamos os livros pelo que eles são: objetos especiais que difundem o conhecimento; e a imensa maioria que só estava lá para receber o salário, sem perceber a diferença entre vender um livro e um par de sapatos…
Belo relato, uma visão de bastidores q nunca poderíamos imaginar qdo caminhávamos por aquelas livrarias suntuosas. Conheci três unidades no estado de SP e a minha predileta foi a do Market Place, pequena em relação às outras, mas tinha um belo acervo de música clássica. Só de estar dentro daquelas lojas a gente se sentia especial, melhor, e é muito triste saber q por "debaixo dos panos" era tudo tão complicado e difícil p/ os funcionários, aliás sempre atenciosos e muito prestativos. É uma decepção póstuma em relação à Cultura.
Ao ler o texto tive a mesma sensação. Visitar as livrarias sempre foi um prazer enorme para mim, mas saber como era o tratamento dos patrões para com os empregados, não poderia ser diferente a derrocada deles.
Excelente relato, didaticamente elecando causas, separando os efeitos, e com óbvio conhecimento de insider. Viveu na pele.
Por diversas ocasiões tive a oportunidade de conversar com o Pedro que fazia questão de circular pela loja, hábito cultivado desde o primeiro período ainda de 'pés no chão'. Já na fase ulterior megalomaníaca de grandeza e orientada pela vaidade - evidentemente influenciada pelos filhos -, sua presença era rara..
Em paralelo também acompanhava a Livraria da Vila, um experimento exitoso em que a boa cabeça de administrador sempre foi um norte presente, apesar do continuado sucesso.
Triste e melancólico fim. Solidariedade com os que sofreram no moedor de carne. RIP Pedro.
É bom ouvir essas histórias. Fazer uma empresa crescer, passar por gerações não é fácil, o erro é certo, saber lidar com eles é o diferencial. E no final o empreendedor é sempre o vilão. Muito obrigado a todos que construíram essa história da Livraria Cultura e apesar de tudo até a família Herz.
A loja da Paulista ainda existe, mas nunca mais entrei. É uma empresa falida, inadimplente com fornecedores e ex-funcionários e que insiste em "funcionar" pendurada em decisões liminares e na nossa secular insegurança jurídica. É preciso ter dignidade na morte e vergonha na cara para quitar seus débitos.
Me lembro da época em que a Livraria Cultura parecia um paraíso,em especial para pessoas como eu que não moravam em São Paulo e batiam ponto lá sempre que estava na cidade.
Inumeras formas de entender e analisar o seu texto, ou melhor, o que levou ao ápice e à derrocada da Cultura. Como administrador de empresas formado pela melhor escola de 50 anos atrás, li com o interesse de entender os processos que levaram à trajetória descrita, e o que conclui é que sem o entendimento de qual o real propósito da empresa e portanto qual benefício ela proporciona a seus clientes, é uma questão de tempo a derrocada. Alie-se a isso a falta de entendimento do que seja um equipe e a incapacidade de liderar dos dirigentes,, tem–se a pá de cal ne empresa. Erros estratégicos são comuns em empresas, o próprio Bezos estimula o erro como única forma de evoluir, porém a arrogância e geral impede que se aprendam com eles.
Obrigada por um delicioso e sofrido texto que nos faz a todos pensar.
Nunca tive amizade com qualquer vendedor da Cultura, mas conhecia alguns deles. Gostava de ir lá e sentar e folear livros aleatórios. Certo dia um senhor estava lá, falando mal demais dos funcionários, uma vergonha. Um dos vendedores que eu conhecia passou por mim e eu falei,
"Tem certos clientes que não deveriam nem por o pé aqui..."
"O problema é quando não é cliente. Problema é quando é o dono..." o vendedor respondeu.
Desde então passei a não mais comprar na Cultura.
Quando vi as imagens do Pedro Herz entre os elogios, achei estar errado. Mas não estava. Como de costume, estou certo.
"Batismo de fogo" ou "a vida como ela é" desde que o mundo é mundo.
"Linguajar chulo no círculo familiar" X tentativa de emplacar fora de casa imagem de "livreiro preocupado com a disseminação do livro e da leitura" entre os índios.
Como já dito nesta "zona de interesse", Deus está nos detalhes. E eles, como sempre, dizem tudo.
"Indícios de fraudes". É proibido qualquer um ficar surpreso
"A maioria dos candidatos estava ali por um único motivo: precisava de um emprego" - sempre o melhor dos motivos pra qualquer coisa na vida
"Clientes problemáticos eram inúmeros. A maioria era nada sofisticada e muitas vezes grosseira"
Se os "velhos conhecidos da casa" como os colunistas da Folha de São Paulo, professores da USP e as Djamila, Conceição Evaristo e Lilia Schwarcz da vida não acertam na sofisticação, imagine a bugrada trotando em shopping?
A verdade é que a "própria equipe que comandava a loja pouco se importava com o que acontecia" fora dela na "vida pessoal do vendedor".
!
A "Livraria" era palco de "seleção natural": tinha a turma dos puxa saco que obtinha regalias e aquela "só preocupada em pagar suas contas no fim do mês".
Como se vê, a natureza nunca foi uma mãe. Está muito mais pra madastra mesmo.
A derrocada dos Herz se dá quando menosprezam aquilo que teria feito com que tivessem aberto uma portinha: "o amor pelos livros"
Tanto era assim que, na ansiedade por disseminar o amor pela leitura entre os botocudos, Sergio Herz era só aflição nas "festas da firma" com seus fortes incentivos aos vendedores para que fizessem a bugrada também amar os livros: seus "bostas, seus merdas imprestáveis, vocês vão ser substituídos e não vão conseguir mais trabalhar em lugar algum porque eu vou queimá-los no mercado" pela incapacidade de vocês em fazer as pessoas também amarem os livros como minha família sempre amou.
Esse relato tinha que virar um livro.
Disse tudo.
No Twitter em 19/03/24:
Comprar livro no exterior virou um problema. Qualquer compra de 30 dólares fica parada na alfândega. Obrigado, professor @Haddad_Fernando pelo zelo com a cultura.
Martim , excelente texto. Sou do tempo que o catálogo era completo. Uma vez fui à Saraiva procurar um livro e constatei que o vendedor procurou o livro no site da Cultura
Já tinha lido a respeito do tratamento dispensado aos funcionários . É chocante o assédio moral.
Parei agora pra ler tudo, excelente relato! Eu já trabalhei em um grande grupo de varejo e entendo perfeitamente como tudo parece lindo pra quem é de fora mas um terror para os funcionários. Apesar da Cultura sempre ter sido mais forte em SP, eu gostava da de Salvador. Normalmente no almoço eu parava lá para relaxar e ler algum livro. A "atmosfera" do local era muito boa e comprei muitos livros. Acompanhei o declínio da loja como a falta de itens, corte do espaço pela metade até que fechou de vez. Por aqui com o fim da Cultura e da Saraiva restou a Livraria Leitura mas não consigo me sentir a vontade como era na Cultura.
Que bacana, Martim! O relato ficou incrível! Nunca imaginei que a história foi assim (que pena...). Deu uma vontade danada de pegar minhas pequenas e ir pra uma livraria!
Martim - Philip Roth, William Faulkner, Saul Bellow - todos apresentados por você, e muitos outros, em várias tardes de longos diálogos. Fique com o agradecimento eterno. Abraços, Roberto Machado
Muito interessante ver que o trabalho de livreiro é realmente algo muito especial. Meu primeiro emprego, muitos verões atrás foi na Livraria Siciliano, na loja de Santana. Comecei varrendo a loja e cuidando da banca de revistas e logo fui promovido… mas eu já via a grande diferença entre os que, como eu e o Martim, amávamos os livros pelo que eles são: objetos especiais que difundem o conhecimento; e a imensa maioria que só estava lá para receber o salário, sem perceber a diferença entre vender um livro e um par de sapatos…
Parabéns e obrigada pelo relato, Martim! 🙌
Um funcionário que aprendeu aquilo que os patrões só tinham na teoria, pois perderam a prática da honestidade!
A Livraria Cultura faz parte de nossas vidas!
Belo relato Martim!
Belo relato, uma visão de bastidores q nunca poderíamos imaginar qdo caminhávamos por aquelas livrarias suntuosas. Conheci três unidades no estado de SP e a minha predileta foi a do Market Place, pequena em relação às outras, mas tinha um belo acervo de música clássica. Só de estar dentro daquelas lojas a gente se sentia especial, melhor, e é muito triste saber q por "debaixo dos panos" era tudo tão complicado e difícil p/ os funcionários, aliás sempre atenciosos e muito prestativos. É uma decepção póstuma em relação à Cultura.
RIP, velha Livraria Cultura. RIP, Pedro Hertz.
Ao ler o texto tive a mesma sensação. Visitar as livrarias sempre foi um prazer enorme para mim, mas saber como era o tratamento dos patrões para com os empregados, não poderia ser diferente a derrocada deles.